terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Em minhas urgências encontro...


Eu não sei esperar. Compreendendo isso, já vai conseguir compreender 50% de mim. Vai conseguir entender porque o horário marcado é tão sagrado quanto a Missa do Galo em Roma. Vai entender das minhas urgências de vida e que quando eu digo que quero te ver, significa "agora!" e não "qualquer dia desses".
Vai entender que a espera representa um largo espaço sem definição e que eu vivo demais pra deixar minha vida ter espaços vagos largos.
Vai perceber que é muito melhor não querer me impedir de balançar o pé na fila do supermercado ou de me irritar com as pessoas que caminham lentamente pela calçada.

Compreendendo que não sei esperar, vai saber quando eu estiver pensando em você porque na minha urgência não cabem jogos, é preciso sinceridade pra se viver. Vai me sentir por perto sempre que possível porque não cabe em mim o charminho de criar saudade. Saudade quando bate, precisa ser prontamente resolvida porque saudade é coisa parecida com morte e tudo que envolve isso dói. Sabendo que vivo como quem vive na flauta, vai entender que nada se trata de correria ou desespero, trata-se apenas de permitir-se e finalmente você percebe que tem muito a aprender comigo sobre a vida que chama lá fora.

Vai perceber que o que vale é: "fui ali ser feliz e não volto!"

Definitivamente eu não sei esperar e não sei se te esperaria sair do seu casulo pra permitir-se porque quando passo por janelas fechadas eu simplesmente passo e janelas fechadas não me retém. Frestas sim. Frestas me fazem querer ver do outro lado e quando eu acredito eu insisto e invisto mas, se for muito difícil de abrir, eu vou ter que te deixar lá fechado pra que outra pessoa abra porque pode ser que quando você resolver abrir a janela eu esteja longe demais correndo pelo campo florido que você não viu que plantei.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Por Martha



"Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar"

Martha Medeiros

Teimando-se



Sempre foi teimosa.
Sempre deu um jeito de fazer acontecer na hora que queria. Se viesse depois não servia. Se não viesse causava um sofrimento maior do que a bomba atômica - mas só por umas horas.
Desejava demais. Sentia que o mundo devia desejar da mesma forma, assim tudo fluiria e ninguém sairia desejoso.

Não compreendia certos medos alheios: entregar-se, querer demais, pensar maldades... fazia tudo isso e muito mais. E daí? Sua cabeça funcionava rápido demais e as vezes de maneira egoísta demais. Permitia-se. Seu terapeuta também!

O problema da teimosia é que às vezes ela nos deixa burros. sentia-se burra às vezes, querendo algo sem motivo. Existiam possibilidades, opções, escolhas, mas se não fosse aquela opção desejada, nada serviria. Burra! Sabia que teimosia era sua burrice consciente.

Desejava. Encontrava-se em momento de espera. Era preciso cuidado e delicadeza pois, qualquer possibilidade que envolvia o outro exigia sutilezas...

Avisa que é de se entregar o viver...



Ela não esperava que acontecesse uma qualquer coisa dessas do coração que acontece o tempo todo com todo mundo.
Na situação que se colocara, não esperava nada demais além de coloridos alheios em noites frias. Decidiu, escolheu e abraçou a solidão e já estava certa de que seria assim por um longo tempo.
Encontrou dessas desculpas alheias que todos se encontram pra não se entregarem: trabalho, escola, família, projetos. Não, não caberia amor. Não caberia esse momento de fuga.

Mas é bem nesses momentos em que não se deseja nada, não se espera nada, que tanta coisa acontece.
Já acontecera antes e ela estava atenta aos detalhes, percebia seu coração e estava acostumada a ter longas conversas com ele em noites estranhas. Era como uma terapia solitária. Dessa vez percebia-se. Conhecia-se o suficiente pra saber onde as coisas iam parar.

Temia. E quem não teme? Mas, o medo era apenas estímulo pra se jogar. Sempre se jogava. Gostava do risco. "E se machucar?" - perguntavam - "se machucar, sara!"

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Persona-lidade.



Personalidade, no dicionário está assim: "Carácter ou qualidades próprias da pessoa."

Resolveu clarear o cabelo. Contava com opiniões diversas. Na verdade buscava nos amigos a opinião que mais queria ouvir e assim, seguia-as, seguindo no fundo, a si própria.

Saindo do salão, onde se permitiu ficar por uma tarde inteira fingindo-se de mulherzinha, resolveu furar-se. Era a comemoração pelo peso perdido, pelos fatos recentes e pelo início das férias - Aaah férias! Como ela precisava disso!

Pensou em tatuagens, marcas da pele. Desistiu, pela profissão - ser atriz já é difícil demais! Não vamos complicar as coisas!

Comprou sapatos novos. Piercings novos. Acessórios pro novo cabelo. Agradeceu, como sempre agradece, pelo dinheiro que vem da arte, por não ter que ter vida profissional dupla dividindo-se entre o palco e um balcão. Era uma artista, cada vez mais completa. Das luzes e do aplauso vinha aquele dinheiro e orgulhava-se disso relacionando com sua origem pobre e humildade ímpar.

Foi pra casa com ar altivo que só as pessoas plenas conseguem. Não dá pra ser plena sempre. Nos dias em que se sentia menos gente, preferia o anonimato de uma aparência comum, por mais difícil que fosse se esconder. Na maioria do tempo, gostava mesmo daquela aparência difusa que lhe conferia o elogia de "exótica".

Pelo caminho, uma música acompanhava: "vou mostrando como sou e vou sendo como posso, jogando meu corpo no mundo..."

domingo, 4 de dezembro de 2011

Reencontrar-se-lhe



Preparou-se para o reencontro desde o dia da despedida.
despedida era coisa da qual era entendida. despediu-se muito da vida, muitas vezes de si mesma. Não por tentativas clichês de suicídio pois amava demais sentir-se pulsando para querer morrer-se. Despedia-se das fases da vida que precisam ser vividas e abandonadas; despedia-se dos presentes que ao longo do tempo perdiam o valor e só ocupavam espaço; despedia-se do dia passado abrindo-se para a manhã seguinte.
Acreditava - e ainda acredita - que quando fechamos a mão pra agarrarmos forte alguma coisa, não deixamos entrar coisas novas. Por isso, mantinha-se aberta, mãos e peito.

Enfim, o reencontro próximo fazia com que ela repensasse sobre assuntos que ela tinha trancado na gaveta, gaveta que, pensava ela, nunca mais abriria. Mas é certo dizer que, se ela realmente não quisesse mais ter contato com aquilo, não teria trancado numa gaveta e sim, jogado fora ao vento como fazemos com lembranças ruins.

O fato é que estava preparada para tal reencontro. Passou todo período de afastamento cuidando de si, experimentando, tratando feridas, fazendo curativos, ignorando-se, amando. Sentia-se pronta, enfim.

Abriu os braços e sentiu o abraço conhecido e saudoso. Aqueles braços que sempre a acalentaram, sempre foram tão presentes que pareciam parte dela. Sorriu por dentro, apesar de preferir manter as aparências de que tudo andava normal como sempre. Sentia-se feliz. Novamente conviver era possível, divertir-se era possível e sentir-se amada também.

Amor... sentimento que resolvera rejeitar de qualquer outro que não fosse ele. Com os outros era uma-qualquer-coisa, um gabiru, um flerte, a presença deles nem fazia tanta diferença. Com ele a coisa era outra.

O reencontro aconteceu e passou. outros reencontros aconteceram, conversas profundas se desenrolaram. Hoje podiam olhar nos olhos um do outro. Tanto sofrimento, tanta dor foi preciso pra que ficassem tão... leves!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Conto do dia e da noite.



Experimentava, ela.
Resolvera experimentar qualquer situação que a vida lhe oferecesse e que parecesse boa. Às vezes não eram, mas só experimentando pra saber.
Aprendera em um cursinho de teatro onde estudara na adolescência que era preciso experimentar todas as propostas antes de negar. Resolveu levar pra vida.
Andava fazendo experimentos emocionais. testava seus limites: até onde consigo não me envolver?

Resolvera entrar pelos caminhos estranhos do coração. Coração que a acompanhava desde sempre, mas que ela pouco conhecia. Como se fosse uma cirurgia cardíaca, resolvera abrir o coração e enxergar veias, músculos, quartos escuros de dentro dele.

Começando pelos amigos, observou quais seriam aqueles que seriam pedaços de si própria. Encontrou alguns. Se enganou algumas vezes, passou algumas sextas-feiras sozinha esperando o telefone dar sinal de vida. Não deu.
Vestia-se divinamente para si própria. Resolvera então não esperar ninguém com quem pudesse sair. Vestia-se lindamente para si própria e divertia-se sozinha. Dançava, atraia olhares, ao mesmo tempo, atraia espantos. "Homens tem medo", pensava ela, enquanto dançava com seus cabelos de fogo.

Depois resolveu experimentar homens. Em sua lista, todos os tipos, esboços e definições de homens possíveis. Pensava em todos. Aceitava todos. Fazia isso por si. Se entregava em uma relação relâmpago onde na verdade, a busca era por ela própria. Queria namorar consigo mesma mas, para isso, era preciso outro corpo. Utilizava corpos aleatórios e divertia-se quando já se encontrava sozinha.

Sozinha... Há tempos resolveu separar "sozinha" de "solitária". Em momentos onde o ser solitário surgia, desligava telefones, internet, televisão, afogava-se em doces e dormia ao som de Tim Maia. Em momentos que o ser sozinho ganhava força, enfeitava-se, amava-se e compreendia que nessa vida tudo é uma fase. E que a fase agora é de compromisso consigo própria.

Ao fim do dia,conferia no caderninho...

sábado, 29 de outubro de 2011

Mesmo que seja eu - Erasmo Carlos


Um amigo me dedicou, publico aqui:

Sei que você fez os seus castelos
E sonhou ser salva do dragão
Desilusão meu bem
Quando acordou estava sem ninguém
Sozinha no silêncio do seu quarto
Procura a espada do seu salvador
Que no sonho se desespera
Jamais vai poder livrar você da fera
Da solidão
Com a força do meu canto
Esquento o seu quarto pra secar seu pranto
Aumenta o rádio me dê a mão
Filosofia é poesia é o que dizia a minha vó
Antes mal acompanhada do que só
Você precisa de um homem pra chamar de seu
Mesmo que esse homem seja eu
Um homem prá chamar de seu

Outro conto da noite...


Chegou em casa depois de um dia inteiro de vida. Esperou que todos dormissem. Esperou o silêncio da madrugada se instalar. Bebeu. Bebeu sozinha porque desde que havia decidido ser sozinha não havia ainda experimentado a sensação de beber consigo mesma. Pensou no dia que passou, no dia que viria, nas situações da vida e mais ainda, pensou no coração das pessoas. Recentemente decidiu desistir de tentar entender isso chamado coração.
Bebia em silêncio. Nenhuma apalavra saia de sua boca. Não só porque ela estava sozinha e os outros dormiam, não falava porque palavras ali poderiam interromper o fluxo do raciocínio. Em sua cabeça porém, mil conversas aconteciam. Mil encontros se afirmavam. Mil resoluções.
O gosto amargo do álcool servia pra lembrar do amargo que às vezes a vida trazia. Era a suave punição a qual se impunha, principalmente ao se coração, este troço mal informado e ridículo.
Pensou no quanto podemos todos sermos ridículos e se divertiu com isso.
Decidiu por uma tatuagem nova. Um piercing novo. Um cabelo novo. Isso! Começaria assim, com um cabelo novo na manhã seguinte.
Decidiu procurar pelos amigos no telefone. Alguns atenderam, outros já dormiam. Não queria nada demais, apenas sentir-se menos solitária mesmo que sozinha. Complicado explicar, era como se quisesse dizer "eu quero ficar sozinha, mas por favor não me deixe sentir a dor da solidão, pois solidão com dor dói demais..."
Assistiu na TV séries sobre coisas que não cabiam naquele momento. Quis ouvir música. Desistiu. Passou a ouvir o silêncio. A cabeça fervilhava, o álcool já acalmava e a madrugada corria. Sim! Estava sozinha. Buscava não sofrer com isso. Sentia-se uma barata solta no meio das ruas da cidade e se divertia com essa imagem.
Cascuda que era - pois a vida a fez assim - resolveu que dava conta. Era preciso o ritual solitário. Sofreu. Chorou pelas coisas acontecidas, abafou o soluço na almofada e adormeceu. No fone de ouvido Tim Maia cantava "diz que eu agora ando solitário, sem amor..."

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Um conto da noite...



O dia não passara tranquilo como sempre. A inquietação do breve encontro inquietava sua alma e causava-lhe frio no estômago. Pela primeira vez, depois de tantos anos, seus desejos se direcionavam a outro e no momento não havia nada mais excitante e amedrontador do que aquilo.
Encontrou tempo para pensar em si durante o almoço e decidiu: calcinhas novas. Sim! Era preciso comprar calcinhas novas para marcar aquele momento. Esse seria o primeiro passo. O próximo passo talvez fosse fazer uma tatuagem, mas nisso ela pensaria depois.
Em casa, o banho demorado refletia a insegurança e o medo do novo. Era como se apenas ali, debaixo d'água, ela estivesse segura de seus atos. Mas foi pela insegurança que ela abdicou de sua vida anterior e agora era preciso assumir os riscos.
Cremes, cabelos molhados, óleos perfumados, depilações feitas, roupa escolhida, era hora de se aprontar pra si mesma. Afinal, aquele não era um encontro com um outro alguém. Era um encontro consigo. Ela resolvera levar-se pra passear e pra isso, era preciso enfeitar-se.
NO espelho os cílios ganhavam volume. As bochechas se coravam e os dentes eram constantemente conferidos. Era preciso causar boa impressão. Ela precisava de respostas imediatas!
Bolsa completa, era a hora do adereço final: dentro da gaveta, camisinhas guardadas de tempos antigos agora ocupavam lugar de destaque na bolsa. Seriam suas companheiras das noites e dias de solidão acompanhada. Solidão que ela buscara sem saber.
A hora marcada se aproximava. ela já sabia o que a esperava naquela noite que mal havia começado. Sentiu o medo correr pela pele como uma criança que descobre o sexo oposto. Sacudiu os cabelos e fez-se parecer mulher decidida. Por dentro, havia uma menina assustada e curiosa.
Pensou em frases feitas, movimentos possíveis, imagens da noite que ainda não começara e decidiu entregar-se à pequena barrinha de chocolate, amiga e toda mulher. Decidiu também entregar-se á vida. Isso ela já havia decidido há tempos, só não havia assumido pra si própria.
Ouviu o telefone.Sabia que era chegada a hora. Não havia como voltar atrás. E ela nem queria isso. O chocolate deu-lhe coragem. Em frente ao espelho, conferiu o batom vermelho que outrora só usava para agradar a alguém específico. Decidiu que seria essa a cor da sua vida. Pensou em um pseudônimo, mas logo abandonou a idéia por parecer dramático demais.
Fechou a porta de casa, fez um sinal da cruz e saiu portão á fora exuberante de pernas e alma expostas. Sentia-se errada, suja e estranha, asma quele misto de sensações não era nada menos do que delicioso.
Naquela noite, naquela esquina, entrou no carro alheio e decidiu que começaria ali sua outra vida. Uma outra vida talvez, mais vermelha...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Uma saudade aberta...

E entre tudo que ele poderia ser pra mim, ele escolheu ser saudade.

Tenho uma vontade besta de voltar, às vezes. Mas é uma vontade semelhante à de não ter crescido.

Na vida, as coisas mais doces custam muito a amadurecer. Mas isso é pensamento de gente grande, deixa pra lá.

“Tenho aprendido coisas com ele. Nada muito sensacional, coisas simples, pequenas alegrias.”

“Fiquei ali parado, procurando alguma coisa que não estava nem esteve ou estaria jamais ali.”

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Aos amigos, tudo!


Amigo é um bicho estranho...
Mais estranho é quando alguma coisa anda mal na amizade...

Porque o normal é tudo andar muito bem. Os amigos não tem obrigação com você. Eles estão com você simplesmente por amor. Pra mim, o amor mais bonito, muito mais que do homem pra mulher, é o amor de amigo. Porque ele é simples, e tudo que é simples é mais gostoso. O amor de amigo te poupa de obrigações, cobranças, compromissos e principalmente, no amor de amigo você pode dizer não sem que isso seja o fim do mundo.

Não há uma data de comemoração do tipo "amigo, hoje faz 1 ano e 3 meses que somos amigos!". Pra que? Comemora-se todo dia que vocês conseguem encontrar um tempo na agenda pra se verem!

Você não precisa ser amplamente simpática com a mãe dos seus amigos. Aliás, você nem precisa conhecer a mãe dos seus amigos!

Já tive em minha vida amigos que terminaram comigo! É sério! Um amigo terminou comigo! Ele terminou a amizade! Mas ele fez isso simplesmente se afastando. Esse é o mal do amor entre amigos: como não há obrigações ou compromissos, some-se sem dar notícia a qualquer momento. Eu ainda sinto muita falta dele...

Mas esse foi um caso isolado e quando isso aconteceu, busquei outros amigos que me quisessem por perto. Sempre há um colinho pra você. Sempre há alguém disposto a comprar um pote de sorvete só pra te deixar feliz. Sempre há alguém com uma casa enorme onde você possa passar o domingo inteiro olhando pro céu. Há sempre um amigo que está ali simplesmente pra segurar sua mão. Há sempre aqueles que dizem que te amam e nem precisam ouvir você dizer nada.

Eu sou rodeada de amigos. Conto com eles pra tudo. E são muitos, diferentes entre si, mas por quem tenho igual carinho.

Parafraseando e descordando de Carlos Drumond, "quem não tem amigos é quem tirou férias de si mesmo".

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Uma música pra mim!!!

Um amigo querido me compôs uma música linda! E eu preciso dividir com todos! A gravação será feita em estúdio e vai parar no youtube. Aqui vai a letra:

XICA, FORTE, DESTEMIDA
CANTADEIRA, TEM SORRISO
DE NOVIDADE QUANDO EXPLODE
POR UMA COISA OU POR OUTRA
TANTO FAZ, NAO TEM MISTÉRIO.,
É ASSIM.

XICA, FORTE, DESTEMIDA
TOCA COMO UMA MENINA
QUE SE ENCANTA COM O SOM
QUE NUNCA PERDE O ANDAMENTO
POIS TEM O RITMO NO SEU
CORAÇÃO.

NÃO SE ENGANE
ELA TEM UM JEITO DE QUEM MUITO SE DISTRAÍ
MAS JÁ PERCEBI QUE ELA PENSA
EM TUDO RÁPIDO DEMAIS.

QUANDO ELA SE LEVANTA
SEMPRE TEM CERTEZA PARA ONDE VAI
SE VAI VOLTAR PRA ONDE ESTAVA
É QUE NÃO SEI.

CHICA FORTE DESTEMIDA
CANTADEIRA
UMA MENINA
TOCA COMO
TEM SORRISO
NUNCA PERDE O ANDAMENTO
NOVIDADE QUANDO EXPLODE
UMA COISA OU POR OUTRA...

Meu Muito Obrigada Adriano querido!

sábado, 8 de outubro de 2011

Quando ser atriz pode incomodar...



Por mais bonito que seja, ser ator não é nada fácil. Claro, sabemos todos que não há nada fácil nessa vida e que cada um sabe bem a dor e a delícia de ser o que é, mas o fato é que atuar chega a ser, por alguns momentos, crueldade.

Massacramos nossos sentimentos, ignoramos o momento presente pelo personagem, pela arte e por N coisas que aprendemos á renunciar quando decidimos ser atores.
Não estou me queixando. Escolhi ser atriz e sigo nessa lida até que o teatro não me queira mais, mas a crueldade está na mania que o teatro tem de nos despir constantemente. Realizamos um strep-tease diário de sentimentos e sensações. Despimos-nos da realidade e entregamos sorrisos sinceros e prazeres gerais.

Nem só de enganações vive o ator, mas de todo aplauso que sai das mãos do público.
Talvez seja a capacidade de nos despir e nos entregar às mentiras que nos mantém vivos. Talvez seja a glória de, por apenas 2 horas, esquecer de tudo aquilo que existe e ser outro alguém.
Talvez seja essa confusão mental que nos impulsiona a acreditar, a levantar da cama nos dias de cão e a dizer: que seja doce!

De fato, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...”

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Entregando-me...

Avisa que é de se entregar o viver...




Escrevo pra mim.

Belo Horizonte, 4 de outubro de 2011
É preciso chover para que o próximo dia de sol seja claro e limpo. É preciso chuva para que aconteça a bonança. Não há como buscarmos claridade sem escuridão e todas essas coisas da vida têm que ensinar alguma coisa. É preciso um aprender constante senão é mais fácil não viver. Há sempre a responsabilidade sobre as pessoas que amamos. Assim como a chuva, o sentimento existe para que sejamos limpos. Adéliapradiando, sentimento é a coisa mais bonita que existe. Houve há um tempo um homem que amou demais. Amava muito no sentido de quantidade, nada se sabe sobre as intensidades de amor dele. Aqueles à quem ele amava, sentiam-se mais especiais do que antes e a partir daí desejam ter aquele amor somente para si. O homem porém, não sabia o que significava amar apenas a uma pessoa. Ele amava demais. De tanto amar, esse homem teve filhos para que a história não morresse...

domingo, 2 de outubro de 2011

Lá está ela. Mais uma vez!

Precisei encontrar-me com Caio Fernando Abreu e ele me disse isso:

“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Hoje quem fala por mim é ele...


“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”
(Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ao tempo que passa...




"...meu coração não quer deixar meu corpo descansar..."
Escrevendo pelo tempo que passou.
Já enfrentei algumas coisas na vida. Muitas barras bem pesadas. "Viver não é moleza, amigo! A vida é a arte do encontro embora hajam muitos desencontros pela vida..."
Já encarei a morte de perto e disse: daqui não saio, daqui ninguém me tira!
Já me machuquei por fora e conto, rindo, sobre as cicatrizes.
Já me machuquei por dentro e conto, rindo, sobre as cicatrizes...
Já contei piada em enterros.
Já perdi amigos.
Não sou forte o suficiente pra não ter medo mas, sempre deixo o medo saber que eu não sou fácil de dobrar.
Consigo ignorar o medo da morte por mais presente que ela se faça.
Mas há ainda um medo que talvez só o tempo cure, o medo da idade.
Medo da velhice, das rugas, das doenças que ela traz...
Parece uma futilidade comparada á magnitude da vida, mas eu tenho medo do tempo que passa.
Tenho medo desse momento agora onde a madrugada corre solta lá fora e eu escrevo sobre o que se passa.
Um medo de não viver...

domingo, 11 de setembro de 2011

Para uma mulher em especial.




Hoje escrevo pelas mulheres que querem ser mães.
Escrevo pela bonitas pessoas que são e que desejam abrir mão de suas próprias vidas pra cuidar de uma vida nova.
Escrevo para aquelas que sentiram o momento da fecundação e sentiram que suas vidas jamais seriam as mesmas.
Escrevo pra mulher que mesmo sabendo que nunca mais dormirá uma noite inteira tranquila, deseja ter alguém dentro de si.
Para aquelas mulheres que já sentiram um pezinho chutando que eu escrevo hoje.
Escrevo em especial para aquelas mulheres que após sentir tudo isso não puderam dar continuidade a esse novo amor, seja por complicações do parto, seja por erros médicos ou pelo simples abraço da morte.
Escrevo para juntar tantas lágrimas caídas. Para amansar tantos corações que se sentem tão sozinhos. Para oferecer tudo o que poderia dar nesse momento: minha solidariedade e uma braço amigo.
Escrevo porque o pouco que entendo sobre morte e amor me fazem ter certeza de que são duas palavras que não poderiam nunca estar na mesma frase. Quando isso acontece é porque erramos na gramática.
Escrevo porque "minha pobreza tal é que nada tenho a ofertar..."

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Palavras de uma menina parda...



...ou de uma menina negra, de acordo com o IBGE.
Ou palavras de uma pessoa que simplesmente toca sua vida na base do entendimento, respeito e trabalho junto à comunidade negra.
Eu sou, eu faço, eu sei...

Minha mãe me ensinou a não sair por aí espalhando o bem que eu fizer, nem falar demais sobre meus trabalhos pra não atrair inveja.
Acontece que de não falar eu também atraí pessoas que eu não gostaria que estivessem por perto, mas que se encontram perto demais...
Pessoas que durante muito tempo me esperaram cair em uma pegadinha pra detonar uma bomba de sentimentos ruins pro meu lado e contaminar uma leva de pessoas que entraram de gaiato nessa história...
Um dia falei uma coisa que pra mim foi uma brincadeira, mas que ofendeu pessoas por aí. É uma pena ter ofendido mas não é uma pena eu ter dito. Não me desculpo pelo que escrevo mas me desculpo pelo que isso causou nas pessoas.

Pronto. Resolvido. Ou não?...
Não! Porque depois desse acontecido eu descobri muuuuuuitas pessoas que nunca erraram. Muitas pessoas que sempre foram prestativas, boas, espertas e amáveis. Descobri que só eu sou doida, só eu critico, só eu uso maldade, só eu penso bobagens...
É mãe... em casos assim eu preciso dizer coisas...

Preciso dizer que enquanto muitos perderam seu tempo tentando criar uma máscara pra mim, eu estava ocupada pensando políticas afirmativas para os alunos de bônus racial na UFMG. Entrar na UFMG já é bem complicado pra nós, “pretos, pobres e favelados”. Se manter nela é ainda pior!!)
Preciso dizer que enquanto minhas maldades se espalhavam pela boca dos outros eu estava quietinha tocando minha vida e minha pesquisa sobre voz cultura popular para poder fazer uma iniciação científica sobre isso, quem sabe...
Preciso dizer que depois que minha fama de muito mal correu pra fora do meu núcleo eu estava ocupada demais trabalhando pra que meu grupo musical agora se tornasse um grupo teatral também.

Mãe, são coisas que se a gente não diz parece que não fazemos. Quebrei a regra de fazer tudo sem anúncios mas às vezes é preciso que pessoas tomem um sacolejo pra pensar: “uai, será que tudo aquilo que eu ouvi sobre aquela menina do Tambolelê é verdade ou o povo ta exagerando?”
Essas são palavras de uma menina parda que precisavam ser ditas.
Sobre pessoas que usam meu nome por aí, dizer o que? Dizer que alguns escrevem “chupa bando de atleticano viadinho!!” no facebook e ninguém se importa se isso é demasiadamente violento e preconceituoso? Outros dizem “quem leva a erva hoje?” sem pensar na relação direta do tráfico com a questão racial (ou vai me dizer que todos os traficantes são brancos moradores da zona sul??!!).
Eu continuo ocupada demais trabalhando, estudando e divulgando todas as oportunidades que eu posso à todos do meu convívio. Ta precisando de trabalho? Fala comigo que eu ajudo! Quer saber como estudar arte? Bora conversar então! Tenho muito o que fazer além de ficar preocupada com meu nome correndo de forma errada por aí mas existem coisas que precisam ser faladas, esclarecidas e ditas.
Me ofereci tanto pra conversar. Me coloquei à disposição pra qualquer um e ninguém nunca teve coragem de falar pra mim: “Júlia, me explica essa história direito!”

São coisas que eu precisava dizer...
Continuo à disposição com o mesmo sorriso largo.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Para o Caio.

Precisei publicar isso. Precisei mostrar o quanto de Caio há em mim nesses últimos dias. Não há boa escrita sem uma dose de tristeza...



Para uma avenca partindo - Caio F.

Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende? Olha, falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, não, não é isso que eu quero dizer, não existe uma dimensão permitida e uma outra proibida, indevassável, não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer, é isso mesmo, você está acompanhando meu raciocínio? Falava do mais fundo, desse que existe em você, em mim, em todos esses outros com suas malas, suas bolsas, suas maçãs, não, não sei porque todo mundo compra maçãs antes de viajar, nunca tinha pensado nisso, por favor, não me interrompa, realmente não sei, existem coisas que a gente ainda não pensou, que a gente talvez nunca pense, eu, por exemplo, nunca pensei que houvesse alguma coisa a dizer além de tudo o que já foi dito, ou melhor pensei sim, não, pensar propriamente dito não, mas eu sabia, é verdade que eu sabia, que havia uma outra coisa atrás e além das nossas mãos dadas, dos nossos corpos nus, eu dentro de você, e mesmo atrás dos silêncios, aqueles silêncios saciados, quando a gente descobria alguma coisa pequena para observar, um fio de luz coado pela janela, um latido de cão no meio da noite, você sabe que eu não falaria dessas coisas se não tivesse a certeza de que você sentia o mesmo que eu a respeito dos fios de luz, dos latidos de cães, é, eu não falaria, uma vez eu disse que a nossa diferença fundamental é que você era capaz apenas de viveras superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo, você riu porque eu dizia que não era cantando desvairadamente até ficar rouca que você ia conseguir saber alguma coisa a respeito de si própria, mas sabe, você tinha razão em rir daquele jeito porque eu também não tinha me dado conta de que enquanto ia dizendo aquelas coisas eu também cantava desvairadamente até ficar rouco, o que eu quero dizer é que nós dois cantamos desvairadamente até agora sem nos darmos contas, é por isso que estou tão rouco assim, não, não é dessa coisa de garganta que falo, é de uma outra de dentro, entende? Por favor, não ria dessa maneira nem fique consultando o relógio o tempo todo, não é preciso, deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço, claro, claro que eu compro uma revista pra você, eu sei, é bom ler durante a viagem, embora eu prefira ficar olhando pela janela e pensando coisas, estas mesmas coisas que estou tentando dizer a você sem conseguir, por favor, me ajuda, senão vai ser muito tarde, daqui a pouco não vai mais ser possível, e se eu não disser tudo não poderei nem dizer e nem fazer mais nada, é preciso que a gente tente de todas as maneiras, é o que estou fazendo, sim, esta é minha última tentativa, olha, é bom você pegar sua passagem, porque você sempre perde tudo nessa sua bolsa, não sei como é que você consegue, é bom você ficar com ela na mão para evitar qualqueratraso, sim, é bom evitar os atrasos, mas agora escuta: eu queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, não importa a cor, é, a cor, o tempo é só uma questão de cor não é? Por isso não importa, eu queria era te dizer dessas vezes em que eu te deixava e depois saía sozinho, pensando também nas coisas que eu não ia te dizer, porque existem coisas terríveis, eu me perguntava se você era capaz de ouvir, sim, era preciso estar disponível para ouvi-las, disponível em relação a quê? Não sei, não me interrompa agora que estou quase conseguindo, disponível só, não é uma palavra bonita? Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Dolorido-colorido, estou repetindo devagar para que você possa compreender, melhor, claro que eu dou um cigarro pra você, não, ainda não, faltam uns cinco minutos, eu sei que não devia fumar tanto, é eu sei que os meus dentes estão ficando escuros, e essa tosse intolerável, você acha mesmo a minha tosse intolerável? Eu estava dizendo, o que é mesmo que eu estava dizendo? Ah: sabe, entre duas pessoas essas coisas sempre devem ser ditas, o fato de você achar minha tosse intolerável, por exemplo, eu poderia me aprofundar nisso e concluir que você não gosta de mim o suficiente, porque se você gostasse, gostaria também da minha tosse, dos meus dentes escuros, mas não aprofundando não concluo nada, fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá pra cá sem pensar definidamente e nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um diadestes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas, espera um pouco, eu vou te dizer de todas as coisas, é por isso que estou falando, fecha a revista, por favor, olha, se você não prestar muita atenção você não vai conseguir entender nada, sei, sei, eu também gosto muito do Peter Fonda, mas isso agora não tem nenhuma importância, é fundamental que você escute todas as palavras, todas, e não fique tentando descobrir sentidos ocultos por trás do que estou dizendo, sim, eu reconheço que muitas vezes falei por metáforas, e que é chatíssimo falar por metáforas, pelo menos para quem ouve, e depois, você sabe, eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem, está bem, eu espero aqui do lado da janela, é melhor mesmo você subir, continuamos conversando enquanto o ônibus não sai, espera, as maçãs ficam comigo, é muito importante, vou dizer tudo numa só frase, você vai ......... ............ ............. ............ .......... ........... ............. ............ ............ ............ ......... ........... ............ ............ sim, eu sei, eu vou escrever, não eu não vou escrever, mas é bom você botar um casaco, está esfriando tanto, depois, na estrada, olha, antes do ônibus partir eu quero te dizer uma porção de coisas, será que vai dar tempo? Escuta, não fecha a janela, está tudo definido aqui dentro, é só uma coisa, espera um pouco mais, depois você arruma as malas e as botas, fica tranqüila, esse velho não vai incomodar você, olha, eu ainda não disse tudo, e a culpa é única e exclusivamente sua, por que você fica sempre me interrompendo e me fazendo suspeitar que você não passa mesmo duma simples avenca? Eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer, olha, antes de você ir embora eu quero te dizer quê.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Uma historinha.


"Quando ele chegou àquele lugar ela não acreditou. Com aquele cabelo emoldurando um rosto claro, aqueles olhinhos infantis e a voz que mal se ouve ela já sabia que seria o começo do fim.
"Tudo de novo?? NÃÃÃÃÃÃOOO!!!" ela pensava enquanto se deixava levar.

Se pegava olhando pra ele sem perceber; Buscava chamar sua atenção até que ela percebe uma troca de olhares "deve ser minha imaginação!" - mas não era. Eram olhares cruzados, vez ou outra uma forma de se encostar, de se aproximar. Era mesmo o começo do fim.

Era o começo de uma ladainha mental, reviravoltas na cama, pensamento fixo em maneiras de ser reparada. Tudo devidamente correspondido, tudo devidamente dividido até o momento do mais esperado beijo, da mais gostosa mão ao redor do corpo, ao mais alto dos silêncios.

O primeiro beijo é sempre o melhor. Depois disso o afastamento. A boca já era conhecida, o controno do corpo também e ela caiu em desuso como uma calça Lee. Já não encontrava seus olhos e nem sua aproximação. Era o fim daquele fio de vaidade."


domingo, 14 de agosto de 2011

"Sou um homem de paixões..."



Tenho pensado nisso. Tenho acredito que eu levo a vida de uma forma legal pra caramba e isso faz com que eu atraia pessoas bacanas pra perto de mim.

"Sou um homem de paixões", sim eu sou e não sei onde está a raiz disso mas eu continuo insistindo em minhas paixões diárias.

Porque não apaixonar-se? Medo de sofrer? Blá! Deixa arder e sangrar. Meu pai já dizia que ninguém morre de amor. Pode morrer de fome, de tristeza, de saudade, de solidão mas, de amor, daquele amor bom de viver, ninguém morre.
E não morre porque não foi pra isso que ele foi feito.

Acredito muito mais na paixão do que no amor. A ciência diz que a paixão dura 2 anos, depois disso (e isso não é a ciência quem diz!) vem o amor com a calmaria, o pôr do sol e a segurança. Não gosto de acreditar nisso. Não gosto de pensar que seja possível amar sem paixão. Não gosto e nem quero. Acredito que o amor seja uma paixão eterna. Não adianta você só amar uma pessoa, é preciso ter desejo, frio na barriga, tesão. O difícil e encontrar alguém nesse mundo que tenha a capacidade de te despertar desejos variados dentro da convivência.

Calmaria? BLÁ! Deixa comigo a tempestade, o desassossego, a inquietação que a paixão causa. Pois é a paixão quem me faz ficar bonita (e querer estar bonita).
É ela quem me move ao encontro de.
Ela quem em mantém acordada na madrugada escrevendo.
Ela quem me faz chorar naquele livro.

Sem amor eu até sobrevivo mas, sem paixão, eu nada seria.

.Aos pais



O poetinha já dizia: "Filhos melhor não tê-los"!
Mas se for pra tê-los, não comentam os erros comuns de todos os pais.

Não marque de vê-los e não aparecer. Ou aparecer muito tarde quando já não há mais sol pra tomar sorvete.
Não combine um passeio no parque e mude os planos de repente pra encontrar os amigos na sinuca e levar o moleque à tiracolo.
Não prometa demais. Filhos não precisam de muita coisa, pode prometer uma coisinha boba mas, se prometer, cumpra.

Não os decepcione.
Não deixe nunca eles saberem que você não pode voar.
Não suma com o coelhinho da Páscoa, o Saci Pererê e o Papai Noel.
Não force seu crescimento. Aliás, não queria que eles cresçam!

Que qualquer mulher é capaz de ser "pãe" (pai + mãe) nós já sabemos, então no dia de hoje eu quero desejar um feliz dia dos "Mais" (mãe + pai), daqueles que são capazes de ser Pai e Mãe ao mesmo tempo, daqueles que são nossos doces rabugentos, daqueles que querem que nos tornemos médicos e engenheiros mas que nunca cheguemos acima de 3 palmos do chão.

Feliz dia dos "Mais" pra quem troca fralda, levanta de madrugada, leva na escola, prepara o lanche...

Eu não tenho mais pai. E meu pai nem foi um grande pai. Foi afastado, ausente e detestava datas comemorativas. Mas era meu e quando eu quisesse vê-lo era só eu ir atrás dele.

Que seja um feliz dia dos pais para os filhos que já aprenderam a aceitar seus pais defeituosos, ausentes e errados, para aqueles que mesmo sabendo das mancadas dos pais ainda tem o gostinho de poder abraçá-los nessa manhã.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Fragmentos do poetinha.

Eu me encontro em trechos alheios:

"Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino,
o que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado...


"...E porque você sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano, e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar. E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte
eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre um nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, parecendo uma santa moderna, e anda lento, e fala em 33 rotações mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo. .."

"...E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta,
e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca..."

"...e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando..."


"e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa..."


"...porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor...."


(Desconfio que o Poetinha escreveu pra mim sem saber da minha existência...)

Um daqueles dias...

"Tem dia que a gente se sente um pouco, talvez, menos gente.
Um dia daqueles sem graça, de chuva cair na vidraça..."

Quem nunca se sentiu perdido no meio da tarde?
Ou amanheceu sem querer ver o sol?
E saiu na rua de óculos escuros pra ninguém te ver?
E sentiu o amargo da garganta fechada, a voz embargada, o soluço preso?

Quem nunca se sentiu uma menininha assustada à espera do dentista?...

À um amigo que se vai.




Nunca me dei bem com despedidas.
Na verdade sempre as evitei.
Se já me parte o coração ver o dia indo embora, ver alguém partindo me deixa com o coração pesado.

Talvez seja porque eu tive alguém que me foi arrancado...
Talvez porque eu tive um cachorro que foi embora sem nem se despedir...

Escrevo para um amigo que vai partir pra longe e ficará por muito tempo.

Prefiro saber da distância quando ela já existe e não quando ela se aproxima.
Agora eu fico imaginando que chato vai ser passar pelos locais onde íamos juntos sem ele por lá. Fica aquela sensação de "nossa, eu podia ter ficado mais próxima!"...

Quem vai me trazer doces do interior?
E pão de queijo com tempero de mãe?

Saudade é um pouquinho de morte...

Amigo, quando sentir saudade - essa nossa palavra tão brasileira e sentida - me escreve. Não se esqueça de escrever quando não sentir saudades também!
Esse meu espaço também é seu.
Amo você.
Fica bem. Vá em paz. Volte (seja) feliz.

. de dentro



(((Tem momentos em que a escrita não é o suficiente. Seria mais fácil entender se eu pudesse colocar fotografias do meu próprio coração no blog. Principalmente quando anda tudo assim, muito misturado...)))

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sem amor eu nada seria...




Pra amar alguém, com esse amor de novela que parece que é eterno, é preciso apaixonar-se.
Aliás, não só pra amar alguém mas, para amar qualquer coisa nesse mundo é preciso, antes de tudo, paixão.

O gostoso da paixão é tudo o que acontece antes do contato de fato. Você encontra aquela pessoa e já passa a ter certeza de que se trata do fulano da sua vida. Começa a pensar situações românticas para os dois e já planeja sua vigem de carnaval pra praia (e olha que você ainda nem sabe o nome da figura!!!).

Quando estamos apaixonados qualquer simples olhar ou assunto passa a ser um flerte! "OLha só, Fulano me perguntou as horas, mas ele me perguntou de um jeitinho diferente"... Qualquer um veria uma pergunta simples sobre as horas mas, pro apaixonado, é quase um convite pra fugirem juntos!

Além das pessoas, nos apaixonamos por profissões, por instrumentos, por lugares.

Eu amo o teatro que faço porque me apaixonei por ele à primeira vista. Depois nos flertamos, nos paqueramos, até que assumimos nossa relacionamento pro mundo.

Sou apaixonada pelos meus amigos mas, não é essa paixão do amor carnal, é paixão recíproca de quem quer o bem do outro. Amigos são irmãos que a gente escolhe.

Da paixão carnal eu nem vou me estender senão, caio no erotismo e aí baubau minha linha de raciocínio!...

"Sou um homem de paixões". Sem elas nada daria muito certo. Gosto de me apaixonar pelas pessoas, pelos acontecimentos, pelas diferentes iluminações que o sol exibe, por essa ou aquela música... A paixão é uma forma de amor. Pra mim, é a melhor forma de amor. E é preciso amor pra poder pulsar...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Quando a saudade não cabe no peito, transborda nos olhos.




"Belo Horizonte, 25 de julho de 2011

Meu querido e velho pai,

Não é assim que você sempre se referia à você mesmo quando queria fazer um drama?
Escrevo pra contar que de alguma forma seus netos vão ficar um pouquinho mais perto de você: Agora você virou praça.
Sabe aquele cantinho jogado no meio da Via Expressa que você adotou, construiu pista de caminhada e jardim e deixou que todos usufruíssem? Pois é, aquele cantinho virou uma praça de esportes oficial com seu nome: Praça Messias Tadeu Galvão.
Agora a Flor pode dizer que foi numa espécie de "casa" do vovô.
O Daniel pode se gabar de ter um avô eternizado. E pode contar vantagem quando alguém disser "Vamos pra praça?" e ele dirá "qual praça? A do meu avô?".
Podemos passar por ali pra ver se você aparece. Eu juro que vira e meche eu ainda te procuro quando ando por ali.
Você sabe que por mais certeza de que você não está aqui, sempre especulamos que na verdade você resolveu sumir no mundo depois dos filhos crescidos e vagar sem rumo. Eu ainda espero na total certeza de um dia depois das 11 da noite você bater no portão la de casa e responder "sou eu minha fia!" como se nada tivesse acontecido...

Outro dia a Flor te chamou. Queria saber se ela te viu. Ela dizia pra mim "Tia Júlia, você tá muito bagunceira, vou contar pro seu pai que tá lá na sala!" Eu gelei com a certeza doce de que você passou por ali...

Não há um dia sem saudade, não há uma festa sem lembrança.
E quando eu te encontrar eu vou te dar um cocão por você ter ido embora tão cedo!

Essas sao as boas novas. Ainda não fui na sua praça pois não estou preparada pra passar um dia inteiro chorando. Mas irei em breve. Você estará lá? Espero que sim...

Com amor, Júlia."

terça-feira, 19 de julho de 2011

Bem que esse relógio podia congelar um pouquinho...



Ando faltosa, ausente, ocupada, estressada.
Eu tenho colo pra me confortar.
Tenho cama pra descansar.
Tenho praças e parques e ar livre por aí que me espera sem pressa.
E eu correndo pro lado contrário. É o medo...
Medo desses 23 anos que já parecem 30. Medo dos 18 anos que passaram e não voltam...

Corro pra dar um jeito de ter tudo que quero antes que seja tarde demais...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Conversa de téte-à-téte com o Mussunzinho


Numa dessas tardes folgosas e raras onde o frio, o cobertor e a pipoca são seus amo e senhores, fui pra casa. Zapeando na TV parei no programa maldito: o da Sõnia Abrão. Mas o que me prendeu lá não foi a cara da Sônia e sim o assunto do dia: "Mussunzinho está deprimido e pede ajuda pra voltar pra TV". Confesso, eu fiquei hipnotizada. Pra quem não sabe quem diabos é esse Mussunzinho, ele é o filho do sen-sa-cio-nal Mussum e foi através de um programa da mesma Sônia Abrão que o Brasil o conheceu. Na época ele foi pedir ajuda pra trabalhar na televisão pois ele e a mãe estavam prestes a serem despejados de casa. Na época ee era uma criancinha e cantou, dançou, fez cena, chorou e etc. Deu certo! A Glória Perez (aquela escritora do Clone) o viu e o convidou pra novela (não me perguntem o que a Glória tava fazendo vendo o programa da Sônia!...) e daí em diante foi outra novela, contratos e etc.

Passa esse tempão todo e eu ligo a TV pra ver o Mussunzinho (que hoje deveria ser chamado pelo nome próprio porque nem criança ele é mais)fazendo a mesma ceninha mequetrefe de ir pra um programa apelativo pedir pra fazer TV. ORA BOLA E CAMBALHOTAS! Seu Mussunzinho, eu tenho umas coisinhas pra te dizer, senta aí!

Primeiro: NO programa você disse que não queria contrato pra ficar na geladeira de uma emissora, você queria trabalho. Pois bem, se você realmente fosse ator não diria tanta bobagem, sabe porque? Porque ser ator não é melzinho não, querido! É preciso muita paudurecência pra conseguir permanecer vivo com nosso dinheiro merreca! E você vem me dizer que tem salário fixo mas ta ruim?! PQP! Fica quietinho com seu salarinho (que não deve ser de 540,00) e vai fazer teatro! Vai trabalhar! vai ser ator de verdade! Aaaaaahh não, me esqueci, você é aotr de novela né... Nunca fez teatro... Então vamos entrar na minha segunda observação.

Segundo: Você não é ator, querido. Quer dizer, você é, mas você e uma tor fraco e e perdedor. Não porque a vida te deu uma rasteira, mas porque você fica mendigando espaço na mídia enquanto podia merecer ser ator. Porque palco, chão, exaustão, Brecht, Pirandelo, Commedia del'Art e esses nomes estranhos fazem parte do trabalho do ator e eu aposto que você não conehce nada disso. Vai estudar meu filho! Vai procurar uma dessas tantas escolas boas de teatro pelo Rio e vai ser ator de verdade. Esse lance de genética já tá batiiiido... E aí entra minha terceira e última observação.

Terceiro: Seu pai foi foda. Claro que foi. No seu lugar eu também traria a imagem dele no peito. Meu pai foi um pé rapado e ainda assim eu me orgulho dele! Mas ficar usando o nome e a imagem dele toda hora é chaaaato... É tão piegas e cansativo que você fica pobre e frágil e essas características não são boas pro ator. Cresça por conta própria. Seu pai veio do nada e ninguém esquece dele. Aproveita a história de vida dele e não a imagem. Isso tá cheirando à exploração barata e o Brasil já sacou isso... O povo fica babando teu ovo, falando do seu talento, sua genética favorável, pois eu vou te dizer uma coisa: Tudo isso é mentira, genética de cu é rola e você é uma ator mediano. Pode ser bom um dia, mas hoje, você não passa de uma sombra.

Ser a tor não é nada fácil, nem pra quem tem pai artista! É preciso paudurecência SIM! E se você fosse ator, conheceria isso muito bem!...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O que não cabe no peito sai nos olhos...


Andei sentindo saudades, mas ainda não entendi bem o que chega a ser sentir assim.
Uma mistura de “solidões”? Um buraco mal tapado?

Nem foi a saudade de amigos que me levou a escrever. Sobre esses já escrevi antes e vou escrever depois. A saudade matadeira que vira e meche invade o peito é saudade de pai...

Um dia contei uma história pra Flor dormir que era assim: “Era uma vez um menino que nasceu muito pobre e cego. Ele só passou a enxergar aos cinco anos e deve ser por isso que ele nunca mais quis se sentir preso e perdido novamente. Esse menino cresceu trabalhando, viveu trabalhando, teve filhos trabalhando. Nunca foi a escola, morou na rua e passou fome, mas nunca matou nem roubou ninguém, apenas se consentia com o peso da vida lhe pesando nos ombros. O tempo passou, esse menino virou um homem muito bom que tentava dar a todas as crianças de seu caminho aquilo que ele não teve: Atenção, sorriso um pouco a mais do que comer. De tão bom esse homem foi coroado Rei e seu reinado foi curto porque nessa vida existe gente que só vem ao mundo pra fazer alguém chorar. O moço foi enterrado ao som de tambores tristes e choros doloridos de adeus...”

Claro que eu chorei. E ela me olhava com aqueles olhinhos infantis de não entender porque a história desse moço fazia o olho da Tia Júlia soltar água...
***
(((não quero nunca sentir saudade de mãe)))
***
"Naquela mesa ele sentava sempre e me dizia sempre o que é viver melhor..."

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Na mesma máscara...




Sim, a vida do ator é muito disso tudo que dizem: diversão, loucura, amores, intensidade... Isso porque trabalhamos com o que gostamos e colocamos a alma naquilo afinal, o ator sempre põe sua alma à frente.
Porém é apenas quase, quase tudo o que se parece. Existem os segredos expostos que todo mundo sabe mas que fazemos questão de esquecer. Ou encontramos um falso conformismo e aceitação do tipo "o que tiver de ser, será...". Puras mentiras. Puro teatro. A insegurança da profissão é algo que sempre incomoda, consome e traz a vontade de desistir, de reoptar, de se reprogramar como se pudéssemos dizer: a partir de hoje não serei mais ator!

Sinceramente, ex-ator pra mim é como ex-gay. NÃO EXISTE!

É um universo tão intenso (o do ator, o do gay conversamos depois) que faz a gente perceber o mundo de outra forma, como se houvesse uma lente grudada aos olhos que faz com que as sutilezas da vida ganhem nova cor. Excesso de paixão? Talvez... Mas os atores que tentam se desvencilhar dos caminhos injustos do teatro, quase sempre terminam infelizes...

Tanto e tanto amor não são o bastante pra nossa auto-suficiência. E quando ser o bom ator, aquele que é disciplinado, esperto e competente não é o suficiente? Posso falar? Nunca é. Porque não nos alimentamos de luz do palco, não comemos cenários e nem pagamos ônibus com pequenas cenas de monólogo. Talvez seja essa a evolução do ator: se alimentar da luz dos refletores. Ou do aplauso da platéia. E nosso trabalhos será moeda de troca por onde formos.

Não... isso nunca vai acontecer. Pura ilusão. Você que me lê e que não é ator, você que faz faculdade de qualquer outra coisa exceto Teatro, quando você se formar você tem pra onde enviar currículo? Tem perspectiva de salário? Vai ser um bom profissional pra se sustentar na sua área? As respostas pra essas perguntas quase sempre serão "sim". Pro ator sempre será um "não sei".

Não temos lugar próprio pra envio de currículo e nossos currículos não poderiam ser enviados pra qualquer lugar pois o que possuímos são currículos artísticos e esses, não servem pra outras profissões. Não possuímos perspectivas de salário e tampouco sabemos se a grana dos palcos ode um dia nos sustentar (a não ser se estivermos em cartaz com 6 espetáculos diários pra todo sempre...)

Já parou pra pensar que quando você vai curtir o fim de semana, quase sempre você se depara com um ator? Seja no cinema, no teatro ou quando fica de bobeira na TV. Toda a série de TV que você gosta possui atores. Todos os filmes que você ama não seriam possíveis sem os atores. E já parou pra pensar por onde andam essesa atores quando a gravação de um filme acaba? Ou quando um espetáculo termina? Pior: já imaginou como pode ser difícil pra um ator se divertir caso ele não queria ver atores em lugar nenhum? Somos nós que te divertimos e quase nunca fugimos de nós mesmos...

Tenho medo disso tudo. A insegurança é companheira tão constante que todo dia eu mudo minhas perspectivas. É fato: pra ter grana e se dar bem o ator tem que ser bom! Mas bom o que? Bom ator? Músico? produtor? Cenógrafo? Iluminador?...

São tantas as funções em um teatro e a grana é tão injusta que em todos os cantos existem os atores-alguma-coisa. Ator-cantor, ator-músico, ator-produtor, ator-garçon, mas ator-ator, daqueles que vivem pra atuar, esses estão cada vez mais raros pois a situação está cada vez mais difícil.

Pior ainda é pra nós, atores feios que não possuem perfil de Tv. Nós que abraçamos o teatro por vaidade às avessas e/ou por amor, ficamos perdidos entre tantas opções de ser ator-alguma-coisa. Eu particularmente sou atriz-tudo. Não só por acreditar que o ator deve ser completo, mas também porque na vida que escolhi, onde é somente arte o que sei fazer, não é muito que me resta...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Esses vinte anos...


"Ontem de manhã quando acordei
olhei a vida e me espantei
eu tenho mais de 20 anos..."

E o susto da idade me acompanha desde sempre. De repente 12, de repente 15, de repente 20, hoje 23... E o que eu tenho até então? Um currículo fantástico e muitas incertezas profissionais...
Uma família linda e a falta de um pai...
Um amor...
Tenho medo. Medo da idade. Medo da velhice. Da solidão. Do tempo que afasta as pessoas, leva os amigos, o amor...
Tenho medo dos 25 anos. Medo de não ser quem eu quero. De não ter o que mereço. Pois na vida, inegavelmente, queremos mais do que ser, queremos ser e não há desapego que justifique esse querer inato.

Eu quero. Sempre quis. Quero uma casa grande com muitos cachorros. Quero uma fazenda pra envelhecer. Quero ser uma grande atriz, uma grande produtora, uma grande cantora(o que faz o artista nas horas de folga quando as opções são as artes pra descansar?)... Quero ter e ser muito do que não sou. É preciso dedicação e tempo, mas eu quero já!

E não quero rugas porque meu medo da velhice também está aí: essas malditas dobrinhas de pele que se alastram feito praga! Começa no canto dos olhos e escorre pelas extremidades e quando voltamos a nos olhar no espelho somos apenas maracujás...

Confesso: tenho medo da morte. Mais do que isso, tenho medo do que acontece na vida. Que eu alcance de forma urgente tudo que preciso e mereço, senão eu me entrego ao tempo e volto a ser poeira...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Casamentando...


... Então, depois de tanto tempo dividindo tudo, morando juntos e convivendo, ela pede o casamento. Pede não! Ela exige o casamento como oficialização daquela união que já caminha tão bem do jeito que está. É como se ela estivesse na padaria comprando pão e, cansada de comer sempre o mesmo pão branquinho, optou por um pão preto. Mas ela, somente ela, não percebe que é muito mais do que variar o café da manhã. Quando se casa se assina um acordo de paz, onde marido e mulher ficam livres das obrigações de conquistar o parceiro, de se manter bonito e atraente, de se preocupar com a evolução da relação. Não se precisa mais de surpresas ou de agradinhos. Quando se é casado tudo é devidamente calculado e só acontece aquilo que está previsto no orçamento. são os "planos pro futuro". Mas não haviam planos pro futuro antes disso? Aqueles que eram feitos à sombra da árvore contando estrelas?...

Ele diz que não. Pra ele essa história é uma grande bobagem e o gasto de dinheiro poderia ser usado pra uma viagem à dois. E pra que assinar e documentar aquilo que já está mais do que resolvido entre o casal? Pra satisfação alheia? Que se satisfaçam de curiosidades, de inveja, de recalque e não com a comida paga com o dinheiro da viagem à dois! Depois do pedido de casamento de um casamento que já existe, o não é indizível, impiedoso e impossível. Ele nada mais diz, só pensa que não queria ter que documentar o sentimento. Não pretende se apossar do subjetivo. Ela se deleita em revistas de noiva, músicas e igrejas. Ele só queria dizer que a ama demais pra se casar com ela, pois o amor não se pode patentear e documentação nenhuma de padre ou tabelião pode resgatar o gostinho da liberdade de amar perdida...