quarta-feira, 22 de junho de 2011

Casamentando...


... Então, depois de tanto tempo dividindo tudo, morando juntos e convivendo, ela pede o casamento. Pede não! Ela exige o casamento como oficialização daquela união que já caminha tão bem do jeito que está. É como se ela estivesse na padaria comprando pão e, cansada de comer sempre o mesmo pão branquinho, optou por um pão preto. Mas ela, somente ela, não percebe que é muito mais do que variar o café da manhã. Quando se casa se assina um acordo de paz, onde marido e mulher ficam livres das obrigações de conquistar o parceiro, de se manter bonito e atraente, de se preocupar com a evolução da relação. Não se precisa mais de surpresas ou de agradinhos. Quando se é casado tudo é devidamente calculado e só acontece aquilo que está previsto no orçamento. são os "planos pro futuro". Mas não haviam planos pro futuro antes disso? Aqueles que eram feitos à sombra da árvore contando estrelas?...

Ele diz que não. Pra ele essa história é uma grande bobagem e o gasto de dinheiro poderia ser usado pra uma viagem à dois. E pra que assinar e documentar aquilo que já está mais do que resolvido entre o casal? Pra satisfação alheia? Que se satisfaçam de curiosidades, de inveja, de recalque e não com a comida paga com o dinheiro da viagem à dois! Depois do pedido de casamento de um casamento que já existe, o não é indizível, impiedoso e impossível. Ele nada mais diz, só pensa que não queria ter que documentar o sentimento. Não pretende se apossar do subjetivo. Ela se deleita em revistas de noiva, músicas e igrejas. Ele só queria dizer que a ama demais pra se casar com ela, pois o amor não se pode patentear e documentação nenhuma de padre ou tabelião pode resgatar o gostinho da liberdade de amar perdida...

Um comentário:

  1. Lindo texto!Vocês escrve muito bem!Consegui me sentir na história,me imaginar personagem dela,se bem que pra mim,nessa história,não é tão difícil ter empatia,já passei por isso.Mas achei lindo a sua forma ( ou a forma da personagem) de lidar com isso na conclusão do texto: "Ela se deleita em revistas de noiva, músicas e igrejas. Ele só queria dizer que a ama demais pra se casar com ela, pois o amor não se pode patentear e documentação nenhuma de padre ou tabelião pode resgatar o gostinho da liberdade de amar perdida... "
    lindo!
    =)

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