quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Porque é preciso deixar passar...

Uma hora a gente pára pra pensar e percebe que passou.
Simples assim, aquele turbilhão de coisas, aquele sentimento impulsivo, aquele aperto no peito, passou!


É como se no meio da noite, enquanto dormimos,um anjo observa nosso sonho e percebe que já se passou tempo demais gastando energia por aquilo que tanto se quis e não se teve. Diante disso, ele sabe que é preciso deixar o coração limpo e as janelas abetas para que o novo aproxime-se. Daí, ele mesmo se encarrega de dar uma faxina geral nas angústias, limpar as gavetas da memória, esvaziar a lixeira (afinal, se ainda está na lixeira é porque não foi embora!).
Na manhã seguinte, acordamos, respiramos e só um pensamento passa pela cabeça: é... passou!

E ao longo do dia nos sentimos mais leves, mais limpos, mais abertos. É como se quilos de saudade do que nunca se teve fossem dar um passeio eterno. Passem bem! E que não voltem mais!

No fim de tudo é isso, não fica nada. O sofrimento te fez aprender, o tombo te fez crescer, agora você é uma menina-mulher mais menina-mulher do que antes. Ótimo saber! Agora, bora partir pra outra? É que o coração não pode se tornar um lugar vazio. É preciso que coisas, pessoas e lugares se instalem. Coração é terra de ninguém, mas sozinho, não convém!

Assim, de coração limpo e alma aberta, eu me abro em flores. Sem medos, sem memórias, sem esperar pelo que não vem. É entender que tem coisa que simplesmente não vem! Mas enquanto eu estiver com a mão fechada segurando o que não existe, o existente não vai poder pegar na minha mão... Por isso agora caminho com mãos leves arpejando o vento! Para que assim, seja muito mais fácil alguém pegar na minha mão e seguir comigo. Alguém que realmente queira seguir...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Mundo, mundo! E no meio disso um coração confuso!...

"Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar..."


Quero falar daquilo que não deve ser pronunciado... Falar daquilo que precisa calar... Falar do que insiste...
às vezes fazemos escolhas erradas na vida e não sabemos como voltar atrás por envolver outras pessoas.
Às vezes nos sentimos como a melhor opção que não foi vista! Como se no supermercado você nunca experimentasse Baudduco pelo costume de só comer Aymoré, mesmo já enjoado do sabor...
Isso, às vezes, faz a gente se sentir diminuído...

Nesse momento que a tal "volta por cima" aparece pra te jogar lá na frente. E você se joga e quando vê, está longe demais pra se importar com a escolha do supermercado. Não há mais tempo de pensar nisso porque o tempo gasto pensando em você mesmo e no seu bem estar tem sido muito maior.

Mas ainda sim, fica a saudade. Aquela vontade de saber como seria se...
A vida vai girando e os encontros inoportunos vão acontecendo - infelizes coincidências da vida.
A escolha é sua. Ou você vira as costas e vai embora pensar na vida, ou não encontra tempo pra pensar porque está ocupada demais em se divertir.
Diante disso, você samba! E, quase sem querer, consegue mostrar o quanto você é e sempre será a melhor opção. Aliás, já não existe mais o interesse de ser melhor. Existe o interesse em SER!

A vida é isso! Feita de escolhas. Às vezes as pessoas fazem escolhas estranhas e mesmo querendo, não podemos interferir.
Esperar? Eu? Claro que espero! Não queria... Mas espero!
O tempo faz a gente crescer, enxergar, perceber e, uma hora, a qualquer momento, você vai acordar!...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sobre essas coisas da alma...



Acredito que o que chamamos de "fase" na nossa, vida, quando se refere a um momento consciente, trata-se simplesmente de abertura de janelas.
É quando percebemos que algo não nos cabe mais e abandonamos aquela pele em busca do que se encaixa melhor com o momento.
Sinto que estou no novo momento de abertura de janelas. A pele que habito não cabe mais e é preciso fazer uma troca. Percebo que nesse momento, estar sozinha não é apenas uma opção, é uma necessidade. Somente assim eu poderia me perceber, me sentir, velar por mim...
Tenho descoberto coisas a meu respeito. Antes de mais nada, descobri que sou bonita! De beleza exótica, que não beira o estranho mas que se destaca pelo original. Descobri pelos outros e depois por mim que sou bonita, que estou na fase mais bonita. Não se trata apenas do cabelo laranjado ou da personalidade efusiva. Trata-se do conjunto.

Aprendi que meu sorriso é como um convite. As pessoas sentem-se felizes com minha felicidade e até parei pra pensar se não é por isso que os amigos não aceitam que eu fique mal por bobagens! Acho que minha alegria faz parte da força deles, do que os motiva também. isso diz sobre a importância que tenho para certas pessoas. Tenho percebido que para alguns, eu sou mais do que uma referência e eu fico muito feliz com isso porque o que sou hoje foi moldado com muito suor e consciência. Eu escolhi ser feliz. Tem gente que não pára pra pensar em felicidade, outras acham que não a merecem. Eu sempre escolhi ser feliz no agora e, o agora, é toda hora. Esse papo de "vou ser feliz um dia" não é pra mim.

Ainda sobre mim, aprendi que eu chamo atenção por onde passo. Não por ser aparecida, mas porque existe algo aqui em mim que irradia, convida, instiga, reflete. Como o sol. Acho que por isso uso esse cabelo que amo, porque ele chama, atrai, chega chegando!

Aprendi que, muito sem querer, desperto paixões. Esse é um traço de personalidade que me dá medo. Odeio a frase "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" porque ela é muito real! Mas também percebo o tanto que as pessoas querem ser amadas! E se aparece alguém bacana, educada e agradável,já é o suficiente pra alimentar algo inexistente. Me peguei algumas vezes pensando "ixi... acho que essa pessoa está confundindo as coisas..." No meu caso, eu também quero ser amada! Mas no momento, estou apaixonada pelo meu amor próprio e ele não está deixando espaço pra mais ninguém.

Aprendendo sobre mim, descobri que deixei lá atrás uma menina. Aquela que é só menina não existe mais. Hoje tem algo de mulher morando aqui também. Há uma malícia, uma cadência, uma batida diferente no peito... mas ainda mora a qui a menina que toma sorvete quando chora e sempre pensa em se esconder debaixo da cama pra fugir de alguém. Ainda há uma menina que ingenuamente se apaixona sem pensar e sofre de amargar. No momento de sofrimento foi que apareceu essa mulher! Essa nova que cala o coração e lava a alma no samba. É nessa hora que a menina some e abre espaço para aquela que vai resolver toda a situação, mesmo que na manhã seguinte continue existindo aquela menina com o coração em frangalhos.

Gosto muito dessa nova Júlia que está pintando. Hoje gosto muito do que vejo no espelho referente à corpo, imagem, olhar... esse é um dos momentos de transição, um dos momentos de abrir a janela e deixar a alma passear...

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Das coisas da vida...


Sabe, eu sempre fui pobre. Em muitos períodos éramos pobres de marré-deci!
E muitas vezes ninguém dava nada por aquela mãe solteira com 3 filhos pra criar que se mudava de casa a cada 3 meses e trabalhava com jogo de bicho.
Depois de um tempo ninguém continuava dando nada pra aquela mãe solteira de 3 filhos que tinha uma banca de revista e mantinha as crianças na escola porque não era hora deles trabalharem.

Às vezes faltava carne. Às vezes faltava chocolates. Às vezes faltava brinquedos. Não faltava limonada gelada, campo pra jogar bola e companhia. Várias!

Relembrar o antes me faz ter ainda mais orgulho do que sou agora.
Minha mãe sempre colocou o estudo em primeiro lugar e mesmo quando a coisa apertava, essa mulher não colocava as crianças pra trabalhar! Escola! Sempre escola! Por isso sempre coloco minha formação como algo de mais valioso pra mim.

Escolhi ser atriz e nem por isso optei pelo "autodidatismo". Nada contra, mas não serve pra mim! Me formei pelo técnico em teatro na UFMG e desde então nunca tive que lavar pratos ou assumir outra função que não fosse relacionada à arte. Hoje sou graduanda em teatro também pela Universidade Federal e recentemente, entrei pra uma das mais prestigiadas escolas de canto lírico de Belo Horizonte.

Não escrevo pra me mostrar. Escrevo pra me orgulhar. E pra dizer que toda essa pobreza e dificuldade da vida me transformou no que sou, pessoal e profissionalmente.

Obrigada mãe, por dizer não, por segurar as rédeas com força e por não fraquejar nunca.
O que sou vem de você!

Dos desejos e desencontros.


Guardava em si o movimento de uma tempestade. Resistia. Segurava-se. Esperava a hora certa, a palavra certa.
Nunca fora acostumada a ouvir não. De fato, sempre teve tudo o que quis, não por ser mimada, mas por tanto batalhar.
Desejava um alguém e demonstrava sem pudores. Aliás, pudor é uma coisa que há tempos aprendeu a dominar!
Mas o maldito seja o desejo não correspondido. Maldito seja o medo alheio.
Jogava-se também na aventura. Se divertia com isso. Era só isso que buscava: diversão. O risco, o riso, a hora marcada, o telefone escondido, o frio da barriga na véspera do encontro.
Diversão!
Observava tudo como uma grande diversão. Sorria das situações da vida. Ela, livre, solta, exótica, extrema...
Provocava. Era só o que poderia fazer. A resposta sempre tem que vir de fora. E cada retorno, cada resposta, cada suspiro era um sorriso bobo brotando no canto da boca. Dessa vez, riso de malícia.

"A minha teimosia é uma arma..."