quinta-feira, 9 de junho de 2011

O dia segue em tristezas...

Amar um animal serve pro bem e pro mal da gente. Passamos a ser muito mais humanos e com isso, sofremos de forma amarga pois ser humano dói...
Seguindo meu caminho normal matinal – de casa pro trabalho – avistei um cachorro marrom parado na rua. Não era bem no meio da rua, era na pista da direita bem no caminho de todos os carros, motos e caminhões. Ele estava sentado, mas não reagia à nada. O carro da minha frente buzinou, passou perto e o cãozinho nem se moveu.

Parei a moto bloqueando o caminho dos carros e olhei pro bichinho. Ele estava sentado, era magro de despertar dó em quem visse, era cego e sua barriga estava aberta. Não consegui entender o quer realmente era aquela abertura na barriga. Parecia um câncer em carne viva, ou uma inflamação gigante exposta. Desesperada e ainda sinalizando para os carros desviarem (era uma rua movimentada e eu estava sozinha) eu não sabia como pegar aquele amigo. Alguém que passou por mim disse “tome um jornal pra não colocar a mão nele e se sujar”. Claro. Era o certo. Mas o que me custava oferecer um contato humano para aquele bichinho que padecia? O pobre nem devia se lembrar do que era uma mão amiga...

Sem saber como, segurei-o pelas patas dianteiras e levei-o até um cantinho com grama do passeio. O que mais eu podia fazer? Era um dia de trabalho normal, eu estava de moto e chorava sem parar. Eu queria chamar um táxi, levá-lo ao veterinário e ajudar de fato. Eu queria levá-lo pra casa. Eu queria ficar perto dele até que melhorasse. Covarde que fui, nada disso eu fiz. Um taxista não ia querer um cachorro doente no banco traseiro. Nenhuma clínica ia aceitar ficar com ele e eu não teria dinheiro pra pagar nenhum remédio pra ele. E não teria pra onde levá-lo. Covarde. Me senti a mais covarde dos humanos. Na minha covardia implícita o cachorro me olhou. Ele me agradeceu. Eu só podia tirá-lo da rua e foi o que fiz e ele ainda me agradeceu. Deixei-o lá, lambendo as feridas.

Saí de perto e segui por todo o caminho com olhos embaçados de tanto chorar. E ainda agora escrevendo choro de lembrar. Aquele cachorro um dia foi um lindo filhote que todo mundo queria pra si. Que malditos humanos ele encontrou no caminho pra estar velho, doente e abandonado na rua? Era um Cocker. Desses de orelhas fofas. Mas em si, ele não conservava nada de fofo. Olhando pra ele eu vi toda a tristeza em forma viva e isso foi um chute no estômago.

A lembrança dele vai me acompanhar e eu tenho certeza que quando for embora vou lá naquele mesmo lugar ver se ele ficou lá. Se ele estiver lá, foi pra me esperar. E eu não vou ter mais nenhuma covardia pra tirar do armário...

PRO FAVOR! FAÇAM ADOÇÃO CONSCIENTE! NÃO ADOTEM UM ANIMAL PENSANDO QUE ELE SERÁ FILHOTE E FOFO A VIDA TODA! ELE VAI ENVELHECER, VAI FICAR DOENTE, VAI DESTRUIR COISAS SUAS! SE NÃO PRETENDE PASSAR OS PRÓXIMOS 10 ANOS COM UM CÃO, NÃO ADOTE!!

2 comentários:

  1. Não foi covardia, você fez o que podia naquele momento, a ajuda que podia dar você deu, isso não é covardia é amor ao próximo (mesmo sendo um animal, ate pq também somos), é gentileza coisas raras nesse mundo. Uma dose calorosa de conciência e humanidade. Parabéns!

    Danúbia Consentino Vilela

    ResponderExcluir
  2. Flor adorei o seu cantinho e obrigada por visistar o meu. A verdadeira generosidade se encontra nas atitudes sinceras. Adorei ;)
    Beijos

    ResponderExcluir