segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O que que acontece...


Acontece que eu participo de uma associação cultural em BH chamada Bloco Oficina Tambolelê, onde ensaiam as Xicas da Silva, meu grupo de percussão feminino. Acontece que no meio dos tambores em BH existem aqueles que chamamos de tilelês, pessoas dredadas ou não, que usam sandálias de couro, estão na maioria das vezes sujos e descabelados e comem maconha com feijão. Algumas vezes são pessoas ricas que querem sentir o gostinho de ser pobre, daí se intitulam "novos hippies". A marca deles as vezes é o dedão do pé sujo. Todos os integrantes, participantes ou amantes do movimento dos tambores mineiros utilizam o termo "tilelê". Acontece que o Tambolelê comemorou 15 anos de vida num show onde tinham muuuitos tilelês - que é o público do movimento dos tambores mineiros. Eu, claro, tava lá, e postei no facebook no dia seguinte: "...era uma tilelezada, aquelas meninas descabeladas, aqueles meninos dredados, sujos, aquele fedorzão de maconha". Esses são comentários que fazemos entre nós mesmos do movimento dos tambores, seja nas Xicas da Silva, seja o Bloco Oficina Tambolelê. Acontece que por causa do meu comentário fui intitulada preconceituosa, maliciosa e me mandaram até calar a boca!

O que acontece nisso tudo é que as pessoas que - como eu - são integrantes do Tambolelê se sentiram ofendidas com os comentários. Mas se eu tivesse feito esse comentário sobre outra banda de tambores qualquer, muitos apoiariam.
Acontece que esses comentários são brincadeiras que fazem parte do nosso cotidiano e até quem é tilelê sabe disso! Não existe ofensa nem preconceito.
Acontece que a hipocrisia nos permite falar, mas não permite escrever pois tudo que está escrito e publicado vira documento e só quem tem muita coragem escreve. (Por isso eu tenho um blog!)
Acontece que lutamos há anos no Brasil pela liberdade de expressão, eu faço parte de um grupo de minorias e quando eu me expresso eu tomo um "cala-a-boca" na cara.

Acontece que em muitos, faltou cérebro ao se comentar o que eu escrevi. Se não gostou do que eu disse, conversa comigo, fala comigo, mas não vem querer me cutucar pelo facebook porque isso não funciona.
E tem mais, acontece que o dono do Tambolelê, de quem eu gosto muito, sabe sobre o que eu disse e o que as pessoas disseram, e ele disse que se eu escrevi e assinei é porque tenho inteligência suficiente pra assumir. E se alguém não gostou, conversa comigo num téte-a-téte.

Acontece que tudo isso me deixou tão mal que eu tive que contar no blog. Primeiro pensei "putz, fiz cagada"; mas depois repensei "eu disse a verdade!" e agora estou pensando "sou Júlia Borges o suficiente pra assumir meus erros, mas não queira me diminuir em meus acertos!"

E estou sempre aberta ao diálogo...

7 comentários:

  1. Falou tudo cara! A opinião é sua, não precisam concordar, mas precisam respeitar!

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  2. Aqui:
    http://meninaapenas.blogspot.com/2011/02/em-quase-um-ano-do-blog-cheguei-200.html
    tem selinho pra ti'
    beijos meus'

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  3. Júlia, não vi os comentários depois do meu. Mas venho falar por ele. Desculpe se te ofendi, mas também me senti ofendida. O "conceito tilelê" é muito pouco claro e nem sei quem inventou isso. Tilelê pra vc pode ser isso, mas pra mim (até hoje) tilelê não implicava em pessoas que necessariamente comem maconha, são ricas querendo provar gostinho de ser pobre, muito menos sujas. Eu achava que eu era tilelê, por exemplo, e não me encaixo em nenhuma das características acima. Acho que essas coisas que vc diz são muito pesadas e acho preconceituoso sim(mas essa é a MINHA opinião). E por mais que o que vc escreveu no face seja sua opinião, pode ofender. E como está na internet, abre espaço pra tudo quanto é tipo de manifestação. Tô aí prum téte-a-téte na boa. Júlia Dias.

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  4. kkkkkkkkkkkkkkk minha amiga e suas polêmicas. Mais como vc mesma disse é sua opnião e se vc falasse seria apenas palavras ao vento e não daria em nada, mais como texto as pessoas podem ler e reler e interpretarem de N formas. Mais nada justifica a maneira de serem contras a sua opnião e simplismente mandarem vc caçar a boca! A tal liberdade de expressão só vale quando se é dita e n quando escrita????

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  5. Eu realmente concordo que esse é o público que mais se destaca nesses eventos. Nao necessariamente eles estao sujos ou fumam maconha, sei pq ja fui uma e sempre fui limpinha e nunca pus esse trem fedorento na boca. Mais na boa, eles podem ser tao chatos e tao incovenientes (patologia desenvolvida quando do efeito da maconha e bebida)que acabam por nos rotualar. Cansei de ver comentarios do tipo "só podia ser evento de preto mesmo". To de saco cheio disso. Quer fumar, quer beber, quer cheirar, faz tudo na porra da sua casa. Nao vem noiado, me relando, enquanto eu só quero curtir um show.
    Por fim Julia, acredito que nem tudo deve ser dito. Hipocrisia é legal, vc devia tentar.

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  6. O anonimo acima sou eu, Izabela. Eu que nao sei mecher nesse trem direito

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