quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Minha Flor, meu bebê...


Horário de almoço, o que fazer? Cochilar? Ouvir música? Continuar trabalhando? Eu não. Estou incumbida de uma missão mais que especial: Aprender a fazer pintura facial pra festa de aniversário de 3 aninhos da Flor. Ai meu Deus... A vida toda eu corri de fazer tudo o que estivesse ligado à recreação. Chatura? Não! Trauma mesmo. Comecei a trabalhar cedo. Fui (e sou) pobre desde sempre, daí o trabalho ajudava minha família e a mim também. De certo, um caminho já estava traçado: Arte! E dela eu viveria, com ela eu conviveria - e é bem complicado suportá-la as vezes. Dei oficinas de percussão em colégios absurdos, onde os professores já não eram mais donos de si. Dei aula de teatro em colégios militares, onde os meninos molhavam o cabelo pra não ter que cortá-lo quando o tenente ia fazer uma visita na escola. Percorri escolas públicas em diversos horários na busca dos míseros R$25,00 hora/aula. Fiz mobilização social com todas as minorias existentes nas secretarias da prefeitura. Mas até hoje, o mais tenebroso que já fiz foi trabalhar com recreação e animação infantil. Nãããããooooo (escorro pela parede)!!! Achei que seria fácil, até chegar ao bairro chique de BH onde estava programada a festa. Lá, crianças pipocavam aos montes, tinha menino em tudo que é janela, em cima da mesa do bolo, dentro da piscina... E não sei se você sabe, mas criança rica pode até ser mais educada, mas essa educação elas só usam quando convém. E festa é um ambiente que nunca convém utilizá-la. A menina que estava comigo e eu tentamos fazer de tudo: tentamos contação de histórias, tentamos escultura em balão, tentamos brincadeiras, tentamos músicas. Por fim a única alternativa que deu certo (e deu sossego pra gente) foi a pintura facial. Entre coelhinhos e borboletas, podíamos bebericar um refrigerante, ficar sentadinhas, curtir uma sombra. Por isso, dentre todas as coisas que eu poderia fazer pra Florzinha no aniversário dela, em disparada ganhou a opção de pintura facial. Assim eu posso ficar linda e loira na sombra entre tintinhas e comidinhas (afinal, a festa é minha e dessa vez eu como o que eu quiser!). Isso tudo inclui uma superação do trauma, afinal não vou receber nada, além da delícia de ver a Flor feliz com um rosto de borboleta.
Minha pequena... Minha magrela. Já são 3 anos... Como esse tempo corre pro que não precisa passar... O povo me pergunta: "Como você pode não querer filhos se você se desmancha com a Flor?" Eu me desmancho porque eu sou tia, só vivo o lado bom dela. O lado ruim eu tento ajudar, mas quem resolve no fim das contas é a mãe dela e essa resolução final é que eu não quero ter pra mim. Adoro roupinha de neném, adoro fazer coisas pra ela, adoro quando ela dorme comigo e contamos "sitórias" até cansar, mas querer alguém dependente de mim já é demais. Ser tia é tirar férias no paraíso enquanto a mãe padece...

Um comentário:

  1. Pois é, vizinha.... rs
    Sou de BH mas há oito anos moro em Ouro Branco, bem pertinho. Também falo em mineirês, esse dialeto que só a gente entende.
    E seu blog continua lindo e revestido de ternura!
    bjks mineiras!

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