terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Moro loooonge...

Gente é triste a constatação, mas, eu moro longe. Moro mesmo. Eu moro num bairro que ninguém conhece que fica a um pulo de Contagem. Mas não é Contagem! É BELO HORIZONTE! DIGO E REPITO! Porque a comparação com Contagem? Ora, porque todos sabem que Contagem é longe mesmo, de tudo. Contagem é longe até do centro de Contagem! Eu não, eu continuo em BH, capital, bombante e delirante. Porque isso me incomodou agora? Porque eu trabalho no Horto e moro perto de Contagem, ou seja, eu saio 08h20min de casa pra trabalhar às 09h00min, e de moto! Isso é muito, gente. De ônibus vai uma hora e meia, fácil! Haja livro, MP4, radinho de pilha, revista em quadrinhos. Se eu ando de ônibus todo dia indo trabalhar, eu leio O Grande Sertão Veredas em menos de uma semana, só na ida e volta pra casa! Olhando pelo outro lado você me diz: Tá vendo, ônibus faz bem pra leitura! Mas num faz não! Ficar lendo no ônibus cansa minha vista e me dá uma puta dor de cabeça. Claro que minha situação não merece tanto sofrimento. Tem gente que vive em situação pior. Pense nas pessoas que moram em Venda Nova, Xangrilá, Justinópolis... Isso sem falar do povo de Betim, Ibirité, Neves que pega a Cristiano Machado e Antônio Carlos lotada e acorda às 04h30min da manhã! Eta povo guerreiro brasileiro! Admiro!... mas dispenso, obrigada. Já é um sacrifício diário acordar às 07h30min todo dia e vir sonâmbula pela rua a fora, imagina acordar antes disso!

Por isso hoje, dedico o texto do blog para todos aqueles que moram longe, tão longe quanto eu e que fazem do Red Bull e da Coca Cola amigos diários. Todos aqueles que se penduram nos ônibus à caminho de BH. Todos que ficam possessos de pegar o ônibus 06h00min da manhã e encontrar vários idosos sentados no banco da frente. Coisa que me irrita é idoso passeando em horário de pico. Ah! Desculpem-me, mas pronto-falei! Que coisa! Você ta morto de cansaço saindo do trabalho as 18h00min pra pegar o Nacional que você sabe que virá lotado, e quando você entra no ônibus ta lá aquele monte de senhoras ocupando os preciosos assentos. Isso quando não têm mil sacolas, netos dependurados e afins. Idosos queridos do meu Brasil façam-nos um favor, NÃO SAIAM DE CASA EM HORÁRIO DE PICO! O parque fica aberto o dia todo pra você passear, o banco funciona o dia todo também, as mesinhas de jogo de damas ficam na praça sete o dia inteiro, por favor, não ocupem os lugares amarelos do ônibus logo as 06h00min da manhã! Sei que vocês já passaram por isso enquanto trabalhavam e agora buscam uma aposentadoria decente, mas pra isso você não precisa deixar um coitado que trabalhou o dia inteiro, viajar pra Betim em pé! E vocês motoristas, não sejam tão egoístas e ofereçam carona! Parem de ir trabalhar sozinhos! No trânsito fica aquele montão de carro com uma pessoa só! Com certeza você tem vizinhos que vão pro centro e podem ir junto com você e se não tem, os pontos de ônibus estão lotados de pessoas indo por mesmo lado que você. Ofereça! Compartilhe! Seu tosco egoísta!

Continuando minha dedicação a todos os moradores de Tão Tão Distante, publico a letra da música Moro Longe, cantada pela Vanessa da Mata, que explica bem o que representa um convite de visita para nós e, como queremos ser recebidos ao chegarmos.

Você me chama como quem diz é logo ali
Saindo agora eu chego só três horas lá
Três conduções, olhar um sorvete e não tomar
Levar um lanche e só chegar na madrugada
Desbravamento, expedição, confusão
Só um beijinho, eu sinto muito
Não vai ser bom
Um copo d'água, um cafuné
Pra começar
Alguma hora se Deus quiser
Eu vou chegar
Quero pão novo
Pouca conversa
Uma casa aberta
Um ótimo vinho
Flores do campo
Banho quentinho
Uma sobremesa
Um atrevimento
Dedicação
Muito carinho
Derretimentos
Pra compensar
Porque eu moro longe, no fim do
mundo
Se eu for aí, faça valer a pena
Porque eu moro longe lá aonde
ninguém vai
Se eu for aí faça valer a pena

http://www.youtube.com/watch?v=4zHSEf7fPRI

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso..."


É difícil da gente se conhecer. Mais difícil ainda é conseguir entender quantas pessoas eu posso ser dentro de mim mesma! Sempre foi comum eu ser nervosa, decidida, resolvida, teimosa. Hoje já me disseram que sou doce, meiga, amável, carinhosa, gentil. Eu pensei “Heim? Será que eu estou virando mulherzinha?” Afinal mulherzinha eu nunca fui né! Eu defino como mulherzinha essas mulheres comuns que fazem coisas de mulheres comuns e não vivem muito fora do padrão. Sejam jornalistas, advogadas ou faxineiras, elas: fazem a unha, preocupam-se com o cabelo, querem ter uma coleção de sapatos, vão se casar na igreja, querem filhos (AAAAA!!), e pra qualquer uma que você perguntar, todas terão sempre na bolsa uma pinça e um batom (ou gloss, brilho e suas variações). Difícil perceber porque não em encaixo no quesito mulherzinha? É fácil: Minha unha é do jeito que Deus fez, e muito raramente ela recebe uma corzinha. Na maioria das vezes ela está carcomida nos cantos. Meu cabelo é lindo, mas isso é uma sorte! Afinal, ele é cacheado e muitas no meu lugar o teriam esticado aos montes. Ele é lindo porque ele é livre! Ultimamente ele tem recebido umas doses de vermelho, mas confesso que isso já está me cansando. Sapatos? Não obrigada. Eu os tenho porque preciso, pois o que eu queria mesmo era só andar de chinelos, com meu dedão torto respirando. É difícil pra quem tem um dedão torto usar all star! Pô, aquela parte da frente é bem dura!(ADORO all star, mas ficar descalça é tão melhor). Eu vou me casar sim, isso foi uma mudança na minha vida. Antes só de pensar eu coçava. Mas é que eu comecei a ver que posso me casar do meu jeito Júlia de ser. Gente, eu vou me casar na Praça do Papa! Tem coisa melhor? Quem você conhece que já se casou na Praça do Papa? Na praia é comum, num clube, num sítio, mas na PRAÇA PÚBLICA?( Sei que minha sogra vai morrer quando souber disso, mas isso é tão Júlia! E o Xuxu apóia!).Filhos? Não, obrigada. Não digo que não quero nos dias de hoje, digo que não quero pra todo sempre amém. Gente, eu fui pobre a vida toda, sempre vivi pra pagar contas, daí quando finalmente eu consigo ter uma vida legal e uma graninha legal eu vou dar a um filho tudo o que EU não pude ter? Beeeeem capaz! Se for pra alguém ir pra Disney, serei EU! Férias de fim de ano? Só eu, meu Xuxu e o mar! Acordar de madrugada pra alimentar alguém que não seja eu? Não mesmo! Olha, eu moro com a Flor desde quando ela nasceu, hoje ela tem três anos e a vivência me fez ter uma certeza: ser tia é muuuuito melhor! E na minha bolsa eu carrego flyer de espetáculo, anticoncepcional, carteira, escova de dente, chaves, agenda e fim de papo. Além de tudo, gente, eu tenho uma moto! E moto lá é coisa de mulherzinha? Claro que não! Vivas! Então isso quer dizer que uma mulher pode ser feliz longe dos padrões de beleza e de vida exigidos. Quem não me conhece nesse momento deve pensar que eu sou uma fubanga gorda, mal penteada e vestida, com o pé cascorento. Pois eu digo NÃÃÃÃÃO meu bem! Eu sou linda. Olha minhas fotos uai! Meu cabelo é lindo, eu não sou gorda, meus pés são limpos e eu sou cheirosa! O fato de eu não ser mulherzinha não significa que eu não me amo, só significa que eu me amo o suficiente pra querer continuar única.
E como diz uma sábia amiga: Em terra de mulheres de chapinha, quem tem cabelo cacheado é rainha!

O velho e o moço.

...Acima de tudo é preciso amor além da paixão. Sempre é a paixão que vem primeiro, que traz a atração e que mantém aquela vontade de ficar cada vez mais junto. É ela quem abre espaço e prepara o terreno para que o amor se instale. Pensando em imagens, o amor é uma rede esticada entre dois coqueiros na praia, onde nada mais fazemos do que ouvir o barulho do nosso cabelo crescer. A paixão, com toda sua estupidez, é uma criança mal-criada. Não respeita limites, faz o que quer, tem vários rompantes, faz pirraça, erra só pra pedir desculpa. O amor é um senhor mais velho, grisalho, contador de histórias que reúne as pessoas à sua volta para conversar. A paixão não sabe ver uma cosia quieta em seu lugar sem ir lá pra atazanar. Ela meche com os brinquedos alheios, corre até se cansar e quando descansa, seu descanso dura poucos minutos, depois ela recomeça. O amor, com toda sua calma e segurança, dorme todas as longas noites, vive todos os longos dias, faz cada coisa na sua vez. A paixão come sorvete com batata frita! Mistura requeijão com manteiga num biscoito só! O amor sabe o que comer e quando comer e cada refeição é um momento especial.

Mas a paixão vive às turra com esse tal de amor. Quem ele pensa que é pra chegar mandando? Como ele traz paz num ambiente onde antes só ela tomava conta e fazia o que bem entendia? Agora com o amor, tudo é combinado. Não existem brigas aos berros na frente do portão. Não se atravessa a cidade só por um beijo. O telefone não toca de madrugada só pra ouvir uma respiração. O amor faz isso quando o dia nasce. Ele espera a oportunidade do encontro para que seja duradouro. Ele exige muito tempo e dedicação. Migalhinhas de amor não servem, só funciona o amor inteiro. Com ele existem os banhos de chuva, o suspiro aliviado, o brilho do olho constante. O amor é quem permite que exista o silêncio do entendimento, a saudade mesmo na presença, certeza mesmo na inconstância. Um desentendimento não significa o fim, são apenas briguinhas de amor. O amor corta as fantasias incoerentes da paixão e mostra o real, o defeituoso, o clichê, o quão chato pode ser amar, dividir e partilhar com alguém. A paixão quer todos, o amor quer um. A paixão é mimada e exigente, o amor espera.

É preciso amor pra poder pulsar.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Atropelamento do Atropelado


Estava eu a caminho do trabalho, passando pelo Anel Rodoviário, quando em uma curva estreita na saída para o bonito bairro Palmares me acontece essa situação: Eu passei por cima de um frágil corpo de um animal que já estava atropelado no asfalto. Situação que pode ser amena para alguns, mas que de fato nunca me aconteceu antes! Foi bem na curva, todo motoqueiro – e talvez motorista - sabe que não dá pra adivinhar tudo o que se encontra nos asfaltos por aí, às vezes um carro que está na sua frente esconde um buraco iminente que muitas vezes não conseguimos desviar e lá vamos nós perdendo os amortecedores. No meu caso, o carro da frente encobriu o corpinho do bichinho então passar por cima foi inevitável! E tudo acontece tão rápido e pensamos em tantas coisas:

A)Eu estava no Anel Rodoviário! (Belo-horizontinos e contagenses sabem o quanto ele é perigoso).
B)Um desvio poderia levar a uma queda, e isso me levaria à morte (era o Anel Rodoviário!!!)
C)Eu teria que passar por cima de um pobre animalzinho já morto sofrivelmente
D)Passar por cima dele espalharia sangue e vísceras que atingiriam meu pneu, paralama, sapato e calça! (eca!)
E)Passando por cima dele eu teria que manter o equilíbrio, pois para a moto, isso seria tão perigoso quanto aquaplanagem – e imagina que nojo cair em cima do bicho estatelado!

E diante disso tudo, assustada e pesarosa depois de pensar tudo isso acima em 2 segundos, eu passei por cima dele. SIM, EU PASSEI! Eu que tenho pra mim que animais são melhores que as pessoas! Eca, tadinho, ai de mim, ai de nós!

Entrei em pânico!! Segui meu caminho gritando, chorosa, apavorada, emitindo grunhidos que dava pra ouvir através do capacete. Quando eu entro no bairro citado, ainda apavorada, eis que me surge uma blitz de moto! Oh God! Era o que me faltava! Eu estava prestes a ter um infarto nesse momento. Não gosto de blitz, não pelas multas e tempo perdido, mas pela enorme falta de educação e grosseria da parte dos militares (quem conhecer um policial educado levanta a mão!). O guarda fez sinal - Eu ainda estava fora de mim por causa do incidente com o bicho no asfalto – eu parei e pulei da moto saindo de perto dela. Tirei o capacete e ele viu minha cara de choro, com o cabelo amassado enquanto eu tremia. Com certeza ele pensou que aquela moto era roubada! Antes de mais nada olhei pra ele e disse:

-EU ACABO DE ATROPELAR UM CACHORRO ATROPELADO! E caí no choro! Foi meu descarrego, eu precisava desaguar aquele momento, só não escolhi o ambiente propício...

Ele perguntava: “Onde foi”, “quando” até que ele começou a dizer “calma”, “senta um pouco”.

Eu prolixamente tentava explicar que foi na saída do Anel, que foi sem querer, que foi horrível, que alguém tinha que ajudar o pobrezinho do bicho. Sentei na calçada, entreguei meus documentos pra ele e coloquei a cabeça entre as mãos. Eu parecia alguém suspeita de latrocínio. De longe olhava minha moto, as rodas, meus pés, minha calça. Vasculhei tudo em busca de sangue e tripas do animal. Pra minha sorte não havia nada. Quando olhei pro lado, o policial com meus documentos e todos os outros olhavam pra mim num misto de risos contidos e pena. “Deve ser perturbada, tadinha...” - Alguém deve ter pensado. As pessoas que também foram paradas pela blitz deviam pensar que minha vida de crimes estava acabando ali, que eu era uma bandida que finalmente foi descoberta!

Um policial muito gentil – e isso é raridade - me trouxe uma água. Acho que minha cara de pânico era penosa e qualquer um se sentiria solidário com minha situação, até mesmo um grosseiro policial militar. Bebi e joguei um pouco nas mãos numa atitude muito Pilatos de ser. O policial me devolveu meus documentos, me disse pra ir com cuidado e que não tinha ficado nada de sangue nas rodas.

Num suspiro aliviado e agradecido pude novamente subir na moto e partir. Apesar do meu pânico de blitz, essa parada foi necessária para eu me recompor, senão não pararia de grunhir e chorar até chegar no trabalho. A piedade dos policiais comigo, pobre perturbada, fez com que nem reparassem no meu pneu careca e minha seta quebrada. Se não estou devendo R$500,00 reais de multa, é graças ao pobre cachorrinho atropelado...

O fato é que o pobre animalzinho com certeza continua lá. Ninguém vai se manifestar de retirar aquele corpinho frágil do asfalto, nem farão um enterro, nem limparão o sangue. Ele simplesmente vai ficar ali sendo amassado todos os dias até que tudo seque e reste apenas uma mancha escura no chão. Pelos próximos seis meses, ali eu não passo mais...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

"Estagiotário"

O fato de trabalhar com arte desde os 15 anos de minha vida me fez uma pessoa difícil de lidar com chefias, hierarquias e subordinações. Quando você trabalha como autônomo desde o começo, é difícil se enquadrar nos padrões empresariais de ser. Talvez se meu primeiro emprego fosse na ASSPRON ou na CRUZ VERMELHA tirando Xerox, eu seria uma pessoa mais “empregável”, mas não, lá fui eu me meter a estudar música, teatro, dar aulas em escolas, oficinas, enfim. Hoje me encontro cumprindo um estágio pela necessidade de grana fixa, mas não existe prazer nisso. Me conta como alguém consegue trabalhar 25 anos no mesmo lugar e se aposentar ali? “O senhor Fulano receba nossas honrarias como nosso mais antigo funcionário.” Aaaaaaaa! Eu teria um ataque epilético ao ver que as pessoas mudam e só eu vou ficando pra trás! Eu sei, eu sei. Trabalhar de carteira num mesmo lugar sempre é bem vantajoso, eu sei disso. E sei que o autônomo só se ferra nessa vida. Sei bem também. Mas olha só que delícia não ter chefe, não ter que responder perguntas idiotas nem cumprir funções bestas! Eu cumpro funções bestas! É a primeira vez que trabalho de estagiária na vida e tenho minha opinião: Isso é uma droga! Sou obrigada a acordar TODOS OS DIAS 7:00 da manhã - eu não tenho problemas pra acordar cedo, mas todo dia? Até quando eu fui dormir 5:00 da manhã? - trabalhar às 9:00, ser gentil com quem eu não quero e ficar puta da chefe passar na minha sala pra falar abobrinha. Afinal, quem não tem um chefe chato que levante a mão! (cri, cri cri...). E depois que comecei o estágio, fiquei mais preguiçosa, mais velha. Num consigo nem pensar em sair numa quinta feira pro boteco porque é fato que na sexta eu vou precisar de um Red Bull. E o pior é você se atrasar e ter que ligar pro chefe de dentro do ônibus “olha, eu vou atrasar um pouquinho...” e quando você finalmente chega está lá a equipe com cara de bunda azeda porque você dormiu mais do que todo mundo – sua casa pode ter pegado fogo, mas todo mundo sempre vai pensar que você se atrasou porque dormiu demais. Além disso, ficar com a mesma vista, no mesmo lugar, com as mesmas pessoas fica tão tedioso que você começa a odiar todo mundo. Talvez, até quem trabalha com uma vista para o mar se sinta entediado assim – eu queria experimentar! Poeticamente eu sou passarinho em gaiola. Praticamente eu sou atriz pô! Sou musicista! Meu escritório é o mundo inteiro! Ficar presa assim não dá! Sei que escrever não vai adiantar muita coisa, afinal eu não vou sair do meu estágio pra ficar sem dinheiro de novo. Mas que de vez em quando da aquela vontadezinha de despedir o meu patrão, ah isso dá...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Por favor...Me deixa ser burra!


A partir do momento em que você ingressa numa vida levemente "adulta" - que se constitui por problemas maiores, menos horas de sono e menos diversão - você começa a ser interpelado por uma série de situações que cercam esse universo. Daí então, quando você entra numa faculdade, tem um emprego e um relacionamento bom, fudeu! Todas as pessoas passam a te ver apenas como adulta e conseqüentemente, querem ter "papos de adulto" com você. Uma coisa é fato: Adulto é chato! Toda criança sabe disso, pode perguntar a qualquer uma delas. Adulto fala de dinheiro, trabalho, família, coisas que ele vive, distúrbios psicológicos e afins. Você nunca vai ver um adulto falando: "Bora subir naquela árvore e panhar manga - exceto quando estão de férias, os adultos são morosamente preguiçosos!
Eu sou atriz e, como tal, preciso estudar muito, ler muito, conviver com teóricos com nomes esquisitos. Diante disso estou lançando um manifesto público: Sejamos mais burros só um pouquinho! Estou começando por baixo, lá em casa está proibido assistir Rede Minas e ouvir Guarani FM, até apaguei a lista de rádios do meu MP4. Agora eu estou na busca por fazer coisas idiotas, coisas menos inteligentes que sirvam para passar o tempo e descansar a cabeça. Não falemos de escola, de livros, de trabalhos acumulados. Falemos da novela, do programa da Sônia Abrão, do barraco que o vizinho deu na festa. Vamos escolher os programas mais infames da televisão e assistir se deleitando. Vamos fazer download de Mister Ben e passar o fim de semana inteiro se "abobajando". Vamos passear lá na Praça do Papa e ficar descobrindo figuras nas nuvens - delícia isso! Vamos tomar sorvete e sujar a roupa de cobertura. Vamos nos sujar!Quanto tempo faz que você não brinca de queimada? Vamos passar a noite brincando de "mímica de filme".
Não estou sendo anárquica e solicitando que quebremos as correntes sociais. Blá! Isso é profundo e inteligente demais pra esse momento. Só estou sugerindo que depois de cumprirmos nossas tarefas, almocemos acompanhados de Chaves! E não em falem que isso é cult! Isso é divertido! Pra quem não gosta de chaves, que assista Ben 10! E quem for a favor de sacanagens infantis, cole um adesivo nas costas de alguém.
Agora mesmo eu estou saindo do trabalho com uma garrafa pet na mão pra descer o morro sentada nela.
Quem vem comigo???

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ao povo da chuva...


Essa chuva... Santa chuva em partes, afinal, é a mesma que destrói casas e com isso, sonhos. Culpa dos céus? Não. Culpa da falta de estrutura. Das promessas de campanha, da inconsequencia de aumentar em 10 mil o próprio salário...
Agora ficam os pobres ainda mais pobres, os pequenos comerciantes endividados, os pais pedendo os filhos, as avós sem netos, as crianças sem seus cachorros e uma infinidade de "sem" que acontecem nos dias de chuva. Sempre que chove a noite eu imagino uma mãe rezando pelas suas crianças, pedindo a Deus que seu barraco - o único abrigo que possui - não ceda e desmorone barranco à baixo. Seria ela uma burra de construir numa encosta? OU burrice é ignorar a falta de dignidade que o brasileiro suporta para sobreviver?
Enquanto isso esses nossos ilustres (inúteis) engravatados ocupam seus lugares imundos no Palácio do Nada-se-faz, onde para entrar é preciso alto nível de canalhice! Como é dormir sabendo que o dinheiro desviado mata tanta gente? Como é saber que o destino de tantos está em vossas mãos e eles simplesmente dão a bunda como resposta?
Desz mil reais! Meu Deus, dez mil!! O que você faria se recebesse esse dinheiro nesse momento? E o que você faria se recebesse todo mês? NO caso deles, nda é feito. Nada que seja diferente de viagens ao redor do mundo e sustento de mansões exóticas.
Enquanto isso, o seu Zé da esquina reúne um grupo de amigos para ajudar a Dona Maria a retirar o que sobrou da casa alagada. O seu Irineu da venda empurra pra fora de sua loja água, barro, feijão molhado, açúcar perdido, carne estragada. Enquanto isso a dona Tereza chora a morte das netas. Enquanto isso tantos brasileiros choram e rezam agarrados ao fiozinho de esperança que resta, pedindo aos prantos uma ajuda dos céus. É o que nos resta, pedir aos céus pois os cretinos aqui na terra evitam ler jornais. É duro ver tanta realidade de uma só vez. Melhor ver a desgraça que acontece no exterior. Dói menos...

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um dia daqueles!


Meu relógio despertou na sua religiosa pontualidade irritante às 7:00 da manhã. Ai que vontade de chorar. Não é que eu tenho problema em acordar cedo. O que eu tenho é problema de cabeça mesmo! Eu sempre quero abraçar o mundo com meus bracinhos curtinhos. Essa minha rotina de atriz/musicista/produtora/estagiária tem sido uma dureza. Nesse período de férias então, tem só piorado! Também, quem mandou? Quem mandou querer fazer 3 espetáculos de uma vez? Quem mandou assumir outro compromisso direto pra março? "Férias? Eu não preciso disso!" Agora eu que me agüente na vontade de jogar o despertador pela janela. Mas como já dizia o filósofo seu madruga: "Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena" e recompensas virão pela minha necessidade desesperada de vida. Eu sou mesmo desse jeito... Tudo que é pra eu fazer eu quero fazer em dobro. Eu tenho a mania de me punir ao ficar um dia inteiro dentro de casa! Acordar depois das 8:00 então, é como se eu tivesse tomado banho de urtiga! Gosto de levantar cedo, ter um dia de sol, correr de um lado para o outro fazendo mil coisas, enquanto o telefone toca desesperado. Se é pra trabalhar, trabalho igual uma cavala. Se é pra me divertir, morro de rir até doer o canto da boca. Se é pra amar... aiaiai... Eu amo com todos os poros. E não sou adepta de viver pouco e intensamente. Eu quero é viver muuuuito, e continuar vivendo com toda essa intensidade dentro de mim. Só me falta agora aprender a desacelerar, assumir um compromisso de cada vez e aprender a dizer NÃO. Eu realmente não sei dizer não. Eu penso no "talvez", "quem sabe", "pode ser", mas no não, nunca! NO meio dessa confusão eu tenho descoberto vários amigos. Tem a dona Coca-Cola que desperta um pouquinho. Tem o senhor Red Bull que me dá asas e tem um amigo hippie chamado Guaraná-em-Pó que me conta coisas sobre a floresta...

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Atriz sim. Mas porque?


Em meio aos tumultos de ensaios, coreografias, figurinos e maquiagem inacabada enquanto o público entra, eu me pego reparando nessa vida que escolhi. Ainda há um quê de mágico no teatro sim. Mesmo com produtores burros e atores improvisados o espetáculo ainda resiste. Estou morando num teatro. Eu que quis assim. Não aceitaria sair da minha cidade sem ser atriz aqui. O teatro não foi bom pra mim durante muito tempo, mas agora ele resolveu me sorrir. E é um riso largo e falso, onde mantenho um pé só. O outro fica bem do lado de fora. É com isso que eu pago contas. Com isso que eu como. Mas não é pelo dinheiro que eu continuo. O ator tem essa vaidade exacerbada que só o palco consegue controlar. Eu faço teatro pra ser vista, porque sou apareceida de natureza e exibida desde o berçário. "Olhem pra mim! Gostem de mim! Venham me ver!" meu corpo pede. Mas minha boca cala. Tudo isso só se nota na imensidão dos 450 lugares. A vida de atriz é feita de momentos. Minha mãe vai me ver no espetáculo e, quando eu saio porta à fora, sem maquiagem e figurino, seus olhos faltam gritar às pessoas do saguão: "Gente, essa aqui é minha filha que voc~es viram lá no teatro agora!!" Mas ela não grita. Somente seus olhos. Assim como os olhos do meu irmão que me admira num fanatismo calado. Assim como minha irmã que em nada se abala, mas que fala de mim como filha. A única que fala, grita e sorri é minha Flor: "Eu te vi dançando." "Eu te vi cantando". "Eu te vi lá dentro." "Eu fiquei com medo." Eu também Flor. O medo dela é das cabeçonas e figurinos de pelúcia do teatro infantil. Meu medo é desse mundo de fantasias um dia deixar de ser minha realidade. Muito prazer, eu sou a cigarra, a mosca, a senhora de 70 anos, faço faxina e viro Dalva de Oliveira. Prazer, Júlia Borges, atriz de mim mesma.

...E quero que você venha comigo todo dia...: Aquele que foi embora.

...E quero que você venha comigo todo dia...: Aquele que foi embora.: "É pai. Hoje você apareceu na minha cabeça daquele jeito, feito uma tijolada. Você sempre teve essa forma sensível e discreta de aparecer. N..."

Aquele que foi embora.


É pai. Hoje você apareceu na minha cabeça daquele jeito, feito uma tijolada. Você sempre teve essa forma sensível e discreta de aparecer. Nem preciso te contar como está a Flor, nem como estamos nós. Com certeza você tem essa "visão além do alcance" como dos super heróis. Aliás, pra ser super herói só te faltava isso né?... Nem vem achar que está tudo redimido porque santo você nunca foi! Nem se fosse canonizado você o seria! Mas quando você foi embora eu era nova, estava vivendo às turras com o mundo adulto que se apresentava. Hoje te entendo muito melhor. Hoje eu saberia te aproveitar muito melhor... Ah! Bobagem! Saberia nada. A gente nunca sabe o quanto uma coisa é valiosa até perdê-la. Mas essa saudade doída nunca deixou de aparecer. Com o tempo, aquela dor desesperada da perda se transforma nessa saudade. Depois de tantos anos a gente acaba aceitando que você nunca mais entrará por aquela porta e o que reconforta e saber que não se trata de adeus, e sim, de um até breve. Você estará me esperando quando eu chegar né? Tenha paciência porque serão muitos anos de espera da sua parte! Afinal, eu não vou passear por aí tão cedo! Ainda tenho muito dinheiro a fazer e muita felicidade pra viver! Tudo ao seu tempo. Por enquanto eu fico convivendo com essa saudade estranha, como se me faltasse um braço. É mais. Me falta um pai... Porque aquele que foi embora deixa um rastro de olhos molhados por onde sua lembrança passa. Naquela árvore de natal sempre vai sobrar um presente. Aquele que se vai não leva nada, mas deixa tanto para trás. O que antes era o convívio hoje é só memória, e que memória dolorida. No caso dele, dói como um corte profundo. Aquele que se foi deixou filhos crescidos, mulheres chorando, netos nascendo, pessoas no mundo com um buraco no peito. Um buraco que grita e chora. Talvez não mais hoje. Talvez vários peitos tenham se fechado, deixando uma cicatriz que vira e meche é regada com algumas lagriminhas. Porque se for pra lembrar, que seja com paz e não com o tormento da perda. Pois quem perdeu fomos nós. Ele, agora sim, ganhou o mundo.

Todo carnaval tem seu fim (ou Overdose de Caio Fernando Abreu)

...Mas você não sabe o quanto eu te quero bem. Sei que você também me quer bem, mas as coisas tem sido diferentes. Não, eu não quero te cobrar, mas as vezes parece que as horas passaram de forma dupla e o tempo correu tanto, tanto que nos envelheceu mais do que devia, entende? Não, você não está velho. Só está menos feliz. Não, você não é triste. Não existe tristeza, existe o costume de me olhar. Antes quando nossos olhos se cruzavam havia tanta música no ar e tantos pássaros cantavam juntos e os sinos dobravam tanto que pareciam que as igrejas seriam derrubadas pelos sons, mas hoje não existem mais músicas e as cores adquiriram um tom acinzentado de segunda-feira nublada. Querer bem é pouco... Você não imagina nem o quanto eu sou apaixonada por você. Fico realmente me programando horas antes de te encontrar, escolhendo a roupa que você gostaria de me ver vestindo, usando o perfume que é mais cheiroso, com meu cabelo mais enrolado, isso tudo pra que quando você me visse a música acontecesse. Antes disso, ao longo da semana, tudo faz lembrar você. Um gosto doce de pão de manhã, uma música melosa, meu cachorro pedindo colo. São coisas que você gosta, não é? Ainda gosta? Eu sei que te conheço bem, não estou dizendo nada pra te magoar, mas é que as vezes as coisas ficam tão presas dentro da gente que se formam nódulos no peito. São sapos que engolimos enquanto estão de pernas abertas. Sim, eu continuo fazendo uso de metáforas, assim eu consigo ilustrar o que se passa aqui dentro. Talvez seja um erro te dizer tudo isso porque acho que nada disso vai fazer você me abraçar mais, me beijar mais ou pensar mais em mim. Mas, se ao menos você me respondesse tudo o que eu te escrevo, digo e faço, já seria algo mais. Não quero migalhas. Estou pedindo aquilo que você me prometeu e não está cumprindo. Não se trata de cobrança. Mentira. Se trata sim. Uma hora isso ia acontecer. Mas por mais que seja uma cobrança, antes te cobrar carinho do que afastamento. Sei que tenho uma carência de gato-de-botas. Sim, é uma metáfora, mas você entende? Você ainda entende quando digo tudo isso? Eu ainda te conquisto ao dizer ou nada que eu falo já representa mais. Eu sei que você me ama. Chega mais pra cá, não fica tão distante. Enquanto estiver do meu lado me abraça forte pra eu sentir que o mundo inteiro acabou e que agora somos só nós dois...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Falemos então de amor...

...Porque todo amor merece ser falado.

Essas crianças que crescem...


Crianças são nossos relógios imperdoáveis que enquanto vivem esfregam na nossa cara que o tempo passa e a gente envelhece. Apenas com 3 anos a MAria Flor me ensina muito dentro da sua absoluta sabedoria infantil - a mais sábia de todas. Maria Flor é minha sobrinha. Moramos juntas durante seus 2 primeiros anos, agora ela vive numa casa próxima com a mãe dela.
Disse que me ensina porque ontem mesmo aprendi que se você faz uma coisa errada, você fica de castigo de luz apagada na sala. Acontece que quem ficou de castigo FUI EU e meu erro foi dizer que ela não podia subir no sofá! Ela ficou possessa e disse: - Tia Júlia, você está teimando e você é bobona e vai ficar de luz acesa não! Ela subiu por cima de mim, atravessou o sofá, apagou aluz, desligou a TV e arrastou a vó dela pra cozinha e disse: Tia Júlia vai ficar aí sozinha! Fiquei. Sozinha comendo no escuro...
Depois que ela me perdoou, enquanto eu ainda estava com o prato na mãe, ela quis sentar no meu colo. Mas o fez sem dizer nada, apenas me escalou e tentou colocar o bumbum entre mim e meu rpato. Eu disse: -Maria Flor, tia Júlia está comendo, não dá pra você sentar aqui agora. Pra que que eu fiz isso... Ela me olhou com olhos de gato-de-botas, se levantou, desceu do sofá e parou do meu lado: - Eu não vou mais dormir com você porque você disse que eu não posso ficar no seu colinho.
Aquilo o coração dá um nó e qualquer um largaria o prato com o melhor manjar para pegar aquela pobre criatura indefesa no colo. Indefesa bulhufas! Isso era a mais pura chantagem emocional gritante e eu, como tonta, sempre caio!
Realmente, por mais que a gente se descabele eu continuo fazendo tudo o que ela quer. Mesmo quando ela não merece. Mas se não fosse com ela, com quem eu comeria bala escondido da vovó antes do almoço? Quem passaria a tarde inteira numa cabana no meio da sala comigo? E pra quem eu cantaria todas as músicas do mundo até dormir? Quem aceitaria comer sopa de cabelo de anjo com cérebro de macaco?
Só ela. Só minha menininha que eu não quero que cresça...

Um pranto patético


Eu sou amante de cachorros. Todos os animais são lindos e merecem respeito. Mas cachorros... aaaa cachorros... cachorro pra mim é como gente. São filhos que não falam, demonstram! Quem me inseriu nessa "loucura animal" foi meu Xuxu. Ate´então eu via cachorro como um bibelô de se ter em casa. Aos poucos meu Xuxu entrou na minha cabeça dura e me mostrou que eles são muito melhores que qualquer ser humano. Que dão carinho, chamam atenção, te recebem na porta e o fazem a troco de nada. Definitivamente, eles são muito melhores que os humanos. Com isso passei a amar de uma maneira desesperada esses seres (meu TOM que ficou muito satisfeito com isso pois agroa vive nas mordomias de cachorro de rico). Pra quem não sabe, eu conegui uma labradora preta MARAVILHOSA chamada Dolores de 3 meses pra dar de presente pro meu Xuxu. Ela não Pôde ficar na casa dela, nem na minha, minha irmão a queria mas minha cunhada NÃO e por isso tive que fazer a tarefa mais difícil da minha vida: Doar minha primeira filha. Depois de muitos anúncios e muuuuitas lágrimas encontrei a pessoa certa e hoje ela vive feliz em uma casa enooorme. Depois disso tudo meu cunhado comprou MArley e Eu pra ler e eu peguei pra ler também. Cada página do livro eram várias lágrimas. Eu lembrava da minha preta, de como ela era o demônio igual ao Marley e choraaava. Ontem foi o cúmulo. Eu estava na sala de espera do consultório médico e chegou num ponto do livro (vou contar! Azar de quem não leu) que ele precisa doar o MArley. Daí ele procura nos jornais e descobre que tem milhares de cães sendo doados e que quando diz "companheiro" quer dizer "dependente emocional"; quando diz "brincalhão" ou "filhotão" quer dizer "completamente-doido-e-desesperado". Eu entendi bem porque a Dolores era assim... Daí ele diz também que corta o coração ter que doar um bom amigo e como aquele ele jamais encontraria na vida e etc. Agora imagine a cena, eu, sentada, lendo o livro, molhando as páginas todas e soluçando de tanto chorar em pleno consultório médico! Claro que todo mundo tinha certeza que eu tinha um câncer incurável. O pior foi quando a enfermeira se aproximou:
- Tá tudo bem? Você precisa de alguma coisa? De uma água?
E eu de cara vermelha e olho inchado respondo:
- Não, tá tudo bem, é só o livro BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁ...
Percebi que ela queria rir, mas ela só disse: Então tudo bem. E saiu.
Claro que pode ser que a maioria das pessoas não entendam o tamanho nem o motivo da minha tristeza, mas quem já perdeu alguém um dia vai saber do que estou falando e vai entender o motivo de tanto choro. Quem ama cachorros também.

O tal coletor menstrual (sem preconceitos...)


POis é. Ontem comecei minha incursão pelo maravilhoso mundo dos ajudantes do meio ambiente sendo a mais nova usuária do chamado COLETOR MENSTRUAL. Tudo começou com uma amiga dizendo que usava, depois busquei informações e conheci mais um monte de gente que usa. Claro que enviei email pra todas com perguntas estúpidas do tipo "isso dói?" " e se sumir dentro de mim?" "mas cabe isso tudo?", mas são perguntas idiotas que todas se fazem ao receber em casa seu próprio coletor. Resumindo, é um recipiente de silicone médico que será introduzido no canal vaginal para coletar a menstruação. Ele pode ficar até 12 horas dentro de você, depois você tira, lava e põe de novo. Ao fim da menstruação você o ferve e guarda para a próxima menstruação. Ele pode durar até 10 anos!!! Ou seja, você nunca mais vai gastar com absorventes na vida! Ele é carinho sim, 70 reais o coletor, mas tem várias vantagens:
a) é anti-alergênico
b) não polui o meio ambiente
c) econômico
d) modernoso (olha que chique falar que você não usa absorvente, e sim um coletor próprio)
Enfim. Resolvi aceitar colaborar com o planeta e comigo mesma (porque vocês não imaginam o quanto é horrível uma mulher com alergia a absorventes pilotar em dias de glória!) e comprei o dito-cujo em tamanho grande, já que meu OB sempre foi o grande. Quando ele chegou, num saquinho todo lindo de bolinhas, pensei "meu Deus, isso tudo vai ficar aqui dentro e eu não vou sentir nada?" mas, queridas mulheres, convenhamos que às vezes entram coisas muito mais enormes e largas nos canais vaginais por aí à fora né... Vasculhei feito louca todos os vídeos do youtube sobre "como colocar". Vi vários exemplos onde copos, vidros e mãos representavam o canal vaginal, mas não há exemplos (portanto nem adianta procurar) de reais mulheres fazendo a real introdução do "coiso" - bem que poderiam ter pedido uma atriz pornô, mas acho que a empresa não quis tanta exposição...
Daí a pouco chegou meu grande dia! Estávamos eu e meu coletor trancados no banheiro pro início de uma aventura à um mundo desconhecido. Dobrei-o da forma que o vídeo ensina e o introduzi como um simples OB. Pronto, resolvido. Mas, cadê a cordinha? E como eu vou puxar isso de volta? Dei uma volta pela casa, dei uns pulinhos e corri pro banheiro de novo pra ver se ele continuava lá. Passandoa mão não se sente nada, enfiando o dedo, também não se sente nada... O MEU DEUS! ALGUÉM CHAME UM MÉDICO! Entrei em pânico! Como vou tirar essa coisa agora?? Enfiei o dedo, junto com o dedo da outra mão pra tirar o vácuo (sim, ele funciona à vácuo!) puxei, puxei o cabinho, pulei... NADA! Tô perdida! Não e´possível! Várias mulheres do mundo usam esses coletores! Com certeza já aconteceu esse tipo de coisa com todas elas e AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA JÁ SEEEEEEEEEEEEEIII!!! No teatro e na vida a gente trabalha com uma força que rege tudo (dizem os místicos) que é a força do períneo! Basta aqela forcinha de fazer cocô que a gente mantém o abdomem mais forte. Basta relaxar o períneo pra atingir as notas mais agudas, então BASTA EXPULSAR ESSA COISA QUE MEUS MÚSCULOS VAGINAIS SE VIRAM SOZINHOS! Sentei-me no vaso e fiz a força de uma mãe parindo gêmeos. Pronto! O tal coeltor mostrou-se fácil de tirar! Esperei meu coração acalmar - afinal, fiquei realmente com medo! - redobrei meu coletor e o retirei umas 2 vezes pra me assegurar. Caminhei pela casa, dei mais uns pulinhos, tirei e coloquei de novo. Pronto! Eu tinha aprendido a utilizar meu coletor menstrual. Adeus gasto de dinheiro mensal! Adeus alergias! Bem vindo Lady Cup!
Por isso escrevo para recomendar a todas que lêem. Pensem no planeta, sejam práticas, experimentem! Já basta morrer um pouquinho todo mês, sofrer com isso é coisa do tempo da vovó.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Voltando

Voltando à ativa. Desenrolando minhas caraminholas por cima da tela - já que não se tem papel - e abrindo espaço nesse espaçoso coração.
Ano NOvo, escrita nova. Pelo jornal O Tempo - que meu digníssimo Xuxu trabalha - descobri que esse é o ano de Iansã e Obaluaê, meus pais! Ou seja, será esse meu ano??? Não que eu siga religiosamente a umbanda, mas que eu sou vidrada nessas misturebas religiosas eu sou! Não só nisso como em tudo da cultura popular. Sabe essas coisas de não deixar sapato virado pra não "gorar" a mãe; ver a arruda morrer e saber que é inveja; etc. Adoro acreditar nessas coisas, principalmente quando me convém. Na virada de ano mesmo fiz várias dessas coisinhas e claro que ralhei pro Xuxu fazer comigo né! Tadinho, as meninas já o chama de santo Xuxu. Mas pra me aguentar num tem que ser santo não! Só tem que ser carinhoso, gentil, educado, romântico, atencioso, dengoso, surpreendente, largo, bonito e tatuado. E não é que ele é tudo isso gente!!! Mas não vou ficar "propagandeando" meu bofe senão o olho gordo aparece e lá vai minha comigo-ninguém-pode morrer!