sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Essas crianças que crescem...


Crianças são nossos relógios imperdoáveis que enquanto vivem esfregam na nossa cara que o tempo passa e a gente envelhece. Apenas com 3 anos a MAria Flor me ensina muito dentro da sua absoluta sabedoria infantil - a mais sábia de todas. Maria Flor é minha sobrinha. Moramos juntas durante seus 2 primeiros anos, agora ela vive numa casa próxima com a mãe dela.
Disse que me ensina porque ontem mesmo aprendi que se você faz uma coisa errada, você fica de castigo de luz apagada na sala. Acontece que quem ficou de castigo FUI EU e meu erro foi dizer que ela não podia subir no sofá! Ela ficou possessa e disse: - Tia Júlia, você está teimando e você é bobona e vai ficar de luz acesa não! Ela subiu por cima de mim, atravessou o sofá, apagou aluz, desligou a TV e arrastou a vó dela pra cozinha e disse: Tia Júlia vai ficar aí sozinha! Fiquei. Sozinha comendo no escuro...
Depois que ela me perdoou, enquanto eu ainda estava com o prato na mãe, ela quis sentar no meu colo. Mas o fez sem dizer nada, apenas me escalou e tentou colocar o bumbum entre mim e meu rpato. Eu disse: -Maria Flor, tia Júlia está comendo, não dá pra você sentar aqui agora. Pra que que eu fiz isso... Ela me olhou com olhos de gato-de-botas, se levantou, desceu do sofá e parou do meu lado: - Eu não vou mais dormir com você porque você disse que eu não posso ficar no seu colinho.
Aquilo o coração dá um nó e qualquer um largaria o prato com o melhor manjar para pegar aquela pobre criatura indefesa no colo. Indefesa bulhufas! Isso era a mais pura chantagem emocional gritante e eu, como tonta, sempre caio!
Realmente, por mais que a gente se descabele eu continuo fazendo tudo o que ela quer. Mesmo quando ela não merece. Mas se não fosse com ela, com quem eu comeria bala escondido da vovó antes do almoço? Quem passaria a tarde inteira numa cabana no meio da sala comigo? E pra quem eu cantaria todas as músicas do mundo até dormir? Quem aceitaria comer sopa de cabelo de anjo com cérebro de macaco?
Só ela. Só minha menininha que eu não quero que cresça...

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