terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Todo carnaval tem seu fim (ou Overdose de Caio Fernando Abreu)
...Mas você não sabe o quanto eu te quero bem. Sei que você também me quer bem, mas as coisas tem sido diferentes. Não, eu não quero te cobrar, mas as vezes parece que as horas passaram de forma dupla e o tempo correu tanto, tanto que nos envelheceu mais do que devia, entende? Não, você não está velho. Só está menos feliz. Não, você não é triste. Não existe tristeza, existe o costume de me olhar. Antes quando nossos olhos se cruzavam havia tanta música no ar e tantos pássaros cantavam juntos e os sinos dobravam tanto que pareciam que as igrejas seriam derrubadas pelos sons, mas hoje não existem mais músicas e as cores adquiriram um tom acinzentado de segunda-feira nublada. Querer bem é pouco... Você não imagina nem o quanto eu sou apaixonada por você. Fico realmente me programando horas antes de te encontrar, escolhendo a roupa que você gostaria de me ver vestindo, usando o perfume que é mais cheiroso, com meu cabelo mais enrolado, isso tudo pra que quando você me visse a música acontecesse. Antes disso, ao longo da semana, tudo faz lembrar você. Um gosto doce de pão de manhã, uma música melosa, meu cachorro pedindo colo. São coisas que você gosta, não é? Ainda gosta? Eu sei que te conheço bem, não estou dizendo nada pra te magoar, mas é que as vezes as coisas ficam tão presas dentro da gente que se formam nódulos no peito. São sapos que engolimos enquanto estão de pernas abertas. Sim, eu continuo fazendo uso de metáforas, assim eu consigo ilustrar o que se passa aqui dentro. Talvez seja um erro te dizer tudo isso porque acho que nada disso vai fazer você me abraçar mais, me beijar mais ou pensar mais em mim. Mas, se ao menos você me respondesse tudo o que eu te escrevo, digo e faço, já seria algo mais. Não quero migalhas. Estou pedindo aquilo que você me prometeu e não está cumprindo. Não se trata de cobrança. Mentira. Se trata sim. Uma hora isso ia acontecer. Mas por mais que seja uma cobrança, antes te cobrar carinho do que afastamento. Sei que tenho uma carência de gato-de-botas. Sim, é uma metáfora, mas você entende? Você ainda entende quando digo tudo isso? Eu ainda te conquisto ao dizer ou nada que eu falo já representa mais. Eu sei que você me ama. Chega mais pra cá, não fica tão distante. Enquanto estiver do meu lado me abraça forte pra eu sentir que o mundo inteiro acabou e que agora somos só nós dois...
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