segunda-feira, 4 de abril de 2011

Escrevendo do hospital - e a morte ao lado.


Fiquei no Pronto atendimento aguardando leito para ser internada. São duas macas, a que eu ocupo e uma outra para emergências. Estou num hospital para pacientes oncológicos. As dores são em locais diferentes, mas no fim a doença é sempre a mesma. Na noite de quarta veio um senhor em estado vegetativo pra cá. Ele tinha câncer no rim, no intestino e na próstata. Até domingo ele comia, conversava e andava, na segunda parou de andar e comer, na terça passou a desconhecer as pessoas e na quarta era só um corpo que respirava.

Veio a noite e todos dormimos. Esse senhor roncava cada vez mais alto! E quem me conhece sabe que eu não dou conta de dormir com alguém roncando. Nisso eu saculejava, esperniava e eu sabia que isso só me faria ficar mais sem sono. Passou um tempo e esse senhor foi controlando a respiração até voltar ao normal, daí eu dormi de novo.
Logo depois as enfermeiras acendem a luz e batem na porta pra eu acordar. Aquele senhor tinha morrido. Ele morreu do meu lado! Morreu, morreu! Eu passei um pedaço da noite com gente morta perto de mim! Eu fiquei tão assustada que fiquei sem reação. Saí do quarto atônita, sentei na cadeira do corredor com minha irmã e por lá fiquei até que fosse tudo limpo.

São situações as quais estamos sujeitas dentro de um hospital...

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