sexta-feira, 11 de março de 2011
Estadia nos mares - 5
Embarcamos para Caraíva. Aldeia distante, afastada do asfalto pelo rio.
Nunca vi uma paisagem tão bonita. A Serra do Cipó que me perdoe, mas o mar de Caraíva realmente parece miragem. Um rio conduz ao mar numa mistura da água doce e salgada, deixando o mar escuro na praia e intensamente azul depois.
É uma praia sem sombra, sem árvores. Uma praia cercada por luxuosas pousadas que atendem milionários. Cercada mesmo! As pousadas colocaram singelas cerquinhas de madeira que nos fazem dar voltas para voltar pra cidade.
Ha pouco tempo atrás houve briga no vilarejo porque a prefeitura queria instalar luz na cidade e os nativos não queriam. Os nativos ricos que podiam comprar seus próprio geradores e cobrar 5 reais numa Coca Cola. Resultado: não há postes em Caraíva, os fios são subterrâneos. Mas toda a população tem luz.
Caraíva possui hoje o público que Trancoso já teve: os milionários. Por isso a cidade se preserva afastada, baseada apenas no turismo, com pequenas casinhas onde acontecem forrós. Barraquinhas de palha na beira do mar oferecem os mais variados petiscos por um preço pouco mais acessível do que em Trancoso, afinal, as barracas de Trancoso são bem maiores.
A exploração do trabalho infantil é enorme. São várias crianças vestidos de índiozinhos vendendo colares, comidas, bebidas, artesanato indígena. É nosso povo reduzido ao turismo. Enquanto os filhos dos ricos nadam, esses indiozinhos trabalham no sol ardente, sem protetor solar, tentando vender o máximo possível. Claro que isso não acontece só na praia. Na minha Belo Horizonte também vemos isso, só estou aqui relatando pensamentos soltos anotados em papéis durante a viagem.
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