segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

...E ficamos tiriricas...



Saiu a notícia semana passada: Tiririca integrará a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. Eu soube da notícia através da cara de desprezo do Willian Bonner. Tá certo, a figura do Tiririca todo mundo conhece. Um homem semi-analfabeto que achou que chegou à câmara num período de "sorte" e que fez da sua campanha política uma piada sem fim. Piada que teve um final feliz (desculpe a infâmia) e hoje mostra seu resultado, Tiririca na Câmara. Talvez muitos merecedores politizados ficaram de fora das rédeas do país devido a eleição massacrante de Tiririca. Talvez muitos incompetentes entraram no mesmo barco de Tiririca pela quantidade majestosa de votos que este recebeu.

O problema - e o preconceito - que temos com Tiririca nem cabe falar aqui. Na certa, cada um tem o seu motivo de amor e ódio, mas eu preciso dizer aqui que essa integraçaõ do Tiririca na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados me fez pensar. Vou fazer jus à minha visão romântica e dar voz - ou letra - ao que andei pensando.

Tiririca foi um menino pobre de mmarré deci nascido no interior do Nordeste. A condição de vida, a pobreza, a falta de instrução lhe guiaram por um caminho bom, o circo, onde ele passou a trabalhar a patir dos 8 anos de idade.
De fato, trabalhar em circos não é nada fácil. Se a nossa vida como artistas aqui da capital já não é fácil, imagine ser artista no interior do Ceará? E com tudo isso, imagine ser uma criança pobre nesse meio? Não estou querendo justificar nada, mas essa situação pra mim é descrita como a imagem do palhaço triste. Triste palhaço esse Tiririca que se afastou da mãe quando criança na esperança de uma vida melhor pra ele e pra ela.
Sabendo de todas essas dificuldades, e sabendo que o Tiririca continuou sendo palhaço por toda a vida - e quando eu digo palhaço é palhaço de profissão! - é que eu penso na contribuição que ele poderia dar à cultura, principalmete aos projetos relacionados às artes circenses que estão pedindo ajuda sempre. Ninguém quer que o circo morra, mas para isso, é preciso ter artistas circenses, ter cursos profissionais de circo e ter estímulo às crianças para que estudem circo.

Só que viveu debaixo de uma lona poderá captar as necessidades do artista circense.
Claro que o Tiririca não tem instrução para elaborar um projeto, nem tem didática para ministrar uma aula um dia. Mas não será esse o segredo do palhaço?

Eu, durante minha vida de atriz, nunca fui capaz de ser clown, que dirá palhaço! Ser palhaço é se virar do avesso, é não ter medo do ridículo, é se expor tão completamente que faz o palhaço não parecer humano.

Será que com toda uma vida de circo, o Tiririca não poderá contribuir em nada???

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Mudando de assunto...

O amor é quando a gente mora um no outro.
(Mário Quintana)

Olelê quilelê tilelê ô...


Quando eu ainda estava no T.U (Curso técnico de Teatro aqui em BH, pra quem não sabe) começou a utilizar-se a denominação “tilelê” para as pessoas que tocam tambor. Até aí tudo bem. Eu participo do movimento dos tambores desde quando eu tinha 15 anos (quem me dera ter nascido nesse meio) e sempre participei ativamente. Durante a adolescência adorava as saias longas, as sandálias rasteirinhas, flores no cabelo, os dreads, as tranças e afins. Claro que até hoje ainda gosto e uso, mas é porque quando a gente é adolescente – e bobo - a vestimenta representa aquilo que pensamos, assim como o tipo de música que se escuta. E eu, sempre fã de música brasileira, estudante de percussão, logo me encaixei na denominação tilelê.

O Movimento dos Tambores Mineiros possui em sua maioria a população negra de Minas Gerais que encontra nos tambores uma forma de se expressar, de cultuar suas origens, de manifestar sua cultura e de se assumir como negro, ganhando força em suas músicas, atitudes, cabelos, peles. Eu, como negra que sou, sempre me inteirei dos assuntos da comunidade negra desde que ingressei no Movimento. Aqui faço uma ressalva a quem questionar minha raça/pele: De acordo com o IBGE, o grupo de pessoas negras abriga dois outros grupos, o das pessoas de pele parda e o das pessoas de pele preta, pois para o IBGE não há a classificação “negro”, com isso todos nós, pardos, somos inseridos no grupo de pessoas negras, racial e socialmente falando pois, a situação dos “pardos” no Brasil é bem parecida com a dos “pretos” quando se fala sobre pobreza, qualidade de vida, condições de moradia e etc. Eu demorei muito pra aprender isso pois minha vida se assemelhava muito com a vida dos “pretos”, mas eu não podia me chamar de “preta” por causa da minha pele clara, daí veio o IBGE e a UFMG me ensinar isso que eu exponho pra vocês agora, que de acordo com minha pele e condição social, eu sou NEGRA sim. Mas nem por isso eu preciso utilizar das cotas raciais para quem tem a pele “preta” pois ela também se aplica à mim quanto “parda” e quando prestei vestibular, não me beneficiei do bônus social/racial. Mas esse é tema pra outro texto.

Retomando, com o tempo o movimento “tilelê” ganhou outros integrantes. Dos hippies da década de setenta (que hoje tem seus 50/60 anos) aos hippies que vendem artesanato na Praça do Sete, os “micróbios” (pra quem não sabe, micróbio não é uma denominação ofensiva, é um nome utilizado pelos próprios artesãos do Praça Sete sobre um tipo de hippie), pessoas ricas que curtem o estilo, atores, músicos e etc. O palavra “tilelê” vem de uma música do Tizumba, um dos cabeças do Movimento dos Tambores em Minas.

Depois de um tempo percebi que as pessoas de fora do movimento utilizavam a palavra “tilelê” de forma pejorativa. Quem estava de fora via apenas um “monte de gente suja, mal vestida, barulhenta a maconheira”. Isso foi um grande problema, agora a palavra tilelê era sinônimo de usuários de drogas. Lá se foi um nome bacana... Que eu sou contra drogas todo mundo sabe (e quem não sabia, sabe agora), além disso, acho um absurdo uma pessoa de dentro do movimento compactuar com isso, ser usuário, sabendo do grande número de negros que morrem para que as drogas cheguem nas mãos de outros negros, afinal, sem usuários não precisaríamos dos traficantes, nem dos aviõezinhos, nem dos olheiros, nem dos fogueteiros nem de tanta gente negra trabalhando com drogas. Mas isso é uma questão social, mas isso é um assunto educacional, mas isso é um tema que todos sempre vão buscar desculpas pra se safar...

Portanto, o nome tilelê envolve uma série de questões que analisamos melhor quando pensamos sobre o assunto. Hoje não me enquadro mais na denominação tilelê e não concordo que todos os participantes do Movimento dos Tambores também o sejam. Ser tilelê é ser negro? É tocar tambor? É ser rico? É fingir-se de negro? É usar drogas? Pela falta de identificação com tudo isso e a relação de todas as coisas juntas é difícil encontrar uma definição. Entre alguns músicos mineiros são comum as brincadeiras sobre a forma que o tilelê se veste, a forma que dançam, o uso constante de drogas e dessa forma, acaba que estamos brincando com nós mesmos, com o que fomos, com o que somos e com o que pertencemos. Hoje desassocio o fato de usar drogas com o Movimento, pois isso seria dizer que todo negro é maconheiro e com isso eu estaria sendo enquadrada também, afinal, se vamos falar de estereótipos, eu sou atriz, musicista, produtora e pobre, com certeza muita gente também em acha maconheira!

Escrevi, escrevi e não cheguei a nenhuma solução. Acredito que nem vou chegar. Essa é mais uma denominação e estilo que vai se desvirtuando, assim como foram os punks, assim como foram os hippies e afins. Mas escrevo para mim mesma e depois para os outros, como uma análise e, nessa análise sobre tilelês, percebo que continuaremos nos manifestando em grupos pequenos, alguns grupos defenderão a nomenclatura como palavra escolhida para dizer dos integrantes do Movimento, outros sempre acharão graça da forma como eles dançam, outros pensarão que tilelê é sinônimo de negritude. Chegaremos a um consenso? Não. Mas agora que descobri que as pessoas têm visão diferente daquela do grupo que eu participo, fiquei interessada nos pontos de vista que cada um tem sobre tilelê, que pode ir de uma expressão carinhosa à uma generalização preconceituosa.

OBS: Nesse texto não me aprofundei na luta pelo orgulho negro, no Congado Mineiro, na minha posição anti-drogas e nas epsquisas do IBGE porque tudo isso daria mais vários textos.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Meu selo!!




OLha que delícia! Ganhei selos de qualidade para o meu blog! Vivas!!!

Ela quem me deu: http://meninaapenas.blogspot.com/2011/02/em-quase-um-ano-do-blog-cheguei-200.html

Obrigadíssimo!!!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O que que acontece...


Acontece que eu participo de uma associação cultural em BH chamada Bloco Oficina Tambolelê, onde ensaiam as Xicas da Silva, meu grupo de percussão feminino. Acontece que no meio dos tambores em BH existem aqueles que chamamos de tilelês, pessoas dredadas ou não, que usam sandálias de couro, estão na maioria das vezes sujos e descabelados e comem maconha com feijão. Algumas vezes são pessoas ricas que querem sentir o gostinho de ser pobre, daí se intitulam "novos hippies". A marca deles as vezes é o dedão do pé sujo. Todos os integrantes, participantes ou amantes do movimento dos tambores mineiros utilizam o termo "tilelê". Acontece que o Tambolelê comemorou 15 anos de vida num show onde tinham muuuitos tilelês - que é o público do movimento dos tambores mineiros. Eu, claro, tava lá, e postei no facebook no dia seguinte: "...era uma tilelezada, aquelas meninas descabeladas, aqueles meninos dredados, sujos, aquele fedorzão de maconha". Esses são comentários que fazemos entre nós mesmos do movimento dos tambores, seja nas Xicas da Silva, seja o Bloco Oficina Tambolelê. Acontece que por causa do meu comentário fui intitulada preconceituosa, maliciosa e me mandaram até calar a boca!

O que acontece nisso tudo é que as pessoas que - como eu - são integrantes do Tambolelê se sentiram ofendidas com os comentários. Mas se eu tivesse feito esse comentário sobre outra banda de tambores qualquer, muitos apoiariam.
Acontece que esses comentários são brincadeiras que fazem parte do nosso cotidiano e até quem é tilelê sabe disso! Não existe ofensa nem preconceito.
Acontece que a hipocrisia nos permite falar, mas não permite escrever pois tudo que está escrito e publicado vira documento e só quem tem muita coragem escreve. (Por isso eu tenho um blog!)
Acontece que lutamos há anos no Brasil pela liberdade de expressão, eu faço parte de um grupo de minorias e quando eu me expresso eu tomo um "cala-a-boca" na cara.

Acontece que em muitos, faltou cérebro ao se comentar o que eu escrevi. Se não gostou do que eu disse, conversa comigo, fala comigo, mas não vem querer me cutucar pelo facebook porque isso não funciona.
E tem mais, acontece que o dono do Tambolelê, de quem eu gosto muito, sabe sobre o que eu disse e o que as pessoas disseram, e ele disse que se eu escrevi e assinei é porque tenho inteligência suficiente pra assumir. E se alguém não gostou, conversa comigo num téte-a-téte.

Acontece que tudo isso me deixou tão mal que eu tive que contar no blog. Primeiro pensei "putz, fiz cagada"; mas depois repensei "eu disse a verdade!" e agora estou pensando "sou Júlia Borges o suficiente pra assumir meus erros, mas não queira me diminuir em meus acertos!"

E estou sempre aberta ao diálogo...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ofício: Atriz.


Quem diz que trabalhar com arte é um caminho fácil, são as mesmas pessoas que chamam de “vida-fácil” o trabalho da prostituição. São pessoas que nunca experimentaram o que é a exposição excessiva de corpo, mente e sentimentos.
O ator leva pra palco tudo o que há de bom e ruim em si. Porém, o trabalho pré-palco é intenso e muitas vezes, sofrido. Esse período é o que chamamos de processo. Durante o processo utilizamos da criação para dar vida ao que está escrito. Essa criação envolve exposições mútuas, revelações íntimas, opiniões confusas. No trabalho em conjunto sabe-se mais do que se queria saber sobre o outro. E ainda assim, por pior que seja um dia de ensaio, nos recompomos para dar continuidade ao trabalho no dia seguinte.
Coloquialmente falando, atuar trata-se de passar por cima de qualquer pudor físico e moral e expor a alma em uma bandeja. Ficar pelada, dizer palavrões, isso não é nada. Difícil mesmo é quando o trabalho toca na ferida. O ator trabalha com sentimentos e vivências muito próprios. Utilizamo-nos de uma técnica chamada “memória emotiva” que consiste em utilizar-se da lembrança de sua mãe no caixão para trazer pro corpo a emoção necessária à cena. Nisso cada um utiliza-se da imagem que mais lhe dói: a morte do seu cachorro, um amor que foi embora, um abuso sexual, uma surra, uma injustiça. Com isso o ator fica revivendo todos os dias aquelas sensações que causaram medo, nojo, raiva. Sensações que qualquer pessoa deve esquecer, mas o ator, em seu ofício de corpo inteiro, as utiliza para vencer seus próprios limites. Uma hora o corpo já entende como deve reagir e o ator transforma o sentimento em ação simples. Essa é a hora de entrar no palco e utilizar-se de tudo que foi assimilado durante o processo. Por isso o momento no palco é de gozo, porque já sofreu-se o suficiente no processo.
Teatro é uma profissão pra ser abraçada. Eu fiquei 2 anos sem fazer teatro. Tinha certeza que não faria nunca mais, que isso não era pra mim, até que surgiram tantos convites que me trouxeram ao palco novamente e que me fizeram pensar: “O teatro me aceitou de volta!” Sim, porque ele é exigente. Se você não se entrega completamente, ele te manda embora. É como um amor real que precisa de cultivo e entrega para ser vivido...

Eu tenho bom humor, e daí?

Tem gente que tem o dom de estragar nosso dia. Pode tudo ter corrido bem, passarinhos verdes cantando na janela, o céu azul, uma leve brisa de mar, mas quando encontramos com o dito cujo, fica tudo nublado e o passarinho verde morre!

Isso quase sempre acontece com as pessoas no trabalho. Você pode ter tido uma noite mágica e acordado com café da manhã na cama, mas quando você chega ao trabalho tem sempre alguém de prontidão pra te dizer “você não acha que está sorrindo demais não?”. AH! Vá pastar! Não tenho nada a ver com a vida ruim de ninguém! Se você não tem namorado minha filha, a culpa não é do mundo! Se acorda de mau humor, vá se tratar! Hoje em dia nessa vida pra tudo tem remédio, só pra morte que não tem e, como diz minha mãe, o que não tem remédio, remediado está.

Deixa meu passarinho verde cantar em paz. Com certeza seu passarinho verde também existe, mas fugiu de medo da sua cara feia matinal!

E faça-me um favor, vá catar coquinho!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mais do mesmo

Eu nunca fui lá muito boa pra cumprir ordens.
Atrevida,
Folgada,
Mandona. Nem tanto. Apenas
Livre,
Solta,
Criativa,
Determinada,
Capaz.
Chefes, superiores, patrões, coordenadores, nada disso nunca me agradou.
Eu prefiro o trabalho em conjunto. Gosto mesmo da criação coletiva. Sou mais feliz porque sou dona de mim.
Em um espetáculo uma vez, aprendi que os artistas são sempre mais livres. Por isso, voam.
Toda alma de artista quer partir.
A arte de deixar algum lugar quando não se tem pra onde ir...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

BIlhete pra quem se foi...


Meu pai querido,
Por mais que nossa expressão sempre foi "meu querido e velho pai", ainda assim começo dizendo-te Meu Pai Querido, porque assim te trago pra perto, te chamo a atenção pra que se concentre só um pouquinho.

Como eu queria ter certeza que você está por perto... Como eu queria ao menos saber, ao menos sentir seu cheiro quando uma brisa passasse... Quanta falta você me faz! Sempre me pego pensando "se ele estivesse aqui, como estaríamos agora?". E em todas as festas nossos pensamentos íntimos te guardam. No natal sempre sobra um presente debaixo da árvore.

A vida continuou a mesma, mas alguns momentos perderam a graça que mereciam.
Você está bem, né?
Se um dia tiver jeito, fala comigo. Eu daria tudo pra te ver por um momento...

Com amor, Júlia.

Um carinho inesperado

Tem coisas que a gente precisa dividir, mesmo que seja só em palavras. Coisa boa a gente não deve guardar só pra si e esse domingo pra mim, é digno de divisão.
Depois de uma festa de criança que durou dois dias, depois de um poker que varou a madrugada e depois de apresentar um espetáculo infantil, tudo que eu queria era me encontrar com meu Xuxu, ir pra casa, comer e ficar pertinho.
Depois de um banho pra lavar o fim de semana, encontro cheiros pela casa. É meu Xuxu, que comprou óleos e perfumes pra uma massagem que pudesse me preparar pra semana que viria.
Simples? Parece pouco? Nâo. Não naquele momento. Não aquele Xuxu. Ele me adivinhou, me leu, me entendeu, me preparou uma surpresa que me fez ficar com essa cara de boba apaixonada durante a semana toda. Ainda estou caminhando em nuvens, sentindo os cheiros de domingo.
O melhor de todos é o cheiro dele, bem pertinho, mandando embora toda saudade acumulada dos dias distantes.
Minha toalha aidna cheira a baunilha, minha parede ainda tem o perfume dele. Meu corpo ainda guarda o toque suave, o carinho longo, o cuidado de alguém que ama...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Tropeços da vida


Já perceberam que a correria da vida nos faz esquecer da gente? Quantos amigos eu não vejo mais... quantas festas eu perdi... quanta dicversão me esperou sem eu saber... Mas o que fazer quando seus ouvidos estão fechados à qualquer música e seu caminho está bem marcado pra não haver erros? Sempre fui aberta demais pra tudo o que a vida me oferecesse, mas de repente eu fiquei tão careta - detesto a expressão careta, mas ela se encaixa no momento. Passar a noite no buteco? Não, obrigada. Curtir um domingo na serra do Cipó? Segunda eu trabalho...Um show no fim de semana? Nesse caso não haveria motivo de recusa, mas é que a semana é sempre tão consativa... Eu tenho 3 turnos de trabalho e 15 minutos pra chegar em cada um deles. Qualquer um já teria morrido no meu lugar. Estamos em fevereiro? Podia jurar que já é agosto!
Meu momento de folga, a hora que meu coração se abre e eu volto a ouvir música, é quando o amor chega perto, me enlaça e me tira do chão...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Minha Flor, meu bebê...


Horário de almoço, o que fazer? Cochilar? Ouvir música? Continuar trabalhando? Eu não. Estou incumbida de uma missão mais que especial: Aprender a fazer pintura facial pra festa de aniversário de 3 aninhos da Flor. Ai meu Deus... A vida toda eu corri de fazer tudo o que estivesse ligado à recreação. Chatura? Não! Trauma mesmo. Comecei a trabalhar cedo. Fui (e sou) pobre desde sempre, daí o trabalho ajudava minha família e a mim também. De certo, um caminho já estava traçado: Arte! E dela eu viveria, com ela eu conviveria - e é bem complicado suportá-la as vezes. Dei oficinas de percussão em colégios absurdos, onde os professores já não eram mais donos de si. Dei aula de teatro em colégios militares, onde os meninos molhavam o cabelo pra não ter que cortá-lo quando o tenente ia fazer uma visita na escola. Percorri escolas públicas em diversos horários na busca dos míseros R$25,00 hora/aula. Fiz mobilização social com todas as minorias existentes nas secretarias da prefeitura. Mas até hoje, o mais tenebroso que já fiz foi trabalhar com recreação e animação infantil. Nãããããooooo (escorro pela parede)!!! Achei que seria fácil, até chegar ao bairro chique de BH onde estava programada a festa. Lá, crianças pipocavam aos montes, tinha menino em tudo que é janela, em cima da mesa do bolo, dentro da piscina... E não sei se você sabe, mas criança rica pode até ser mais educada, mas essa educação elas só usam quando convém. E festa é um ambiente que nunca convém utilizá-la. A menina que estava comigo e eu tentamos fazer de tudo: tentamos contação de histórias, tentamos escultura em balão, tentamos brincadeiras, tentamos músicas. Por fim a única alternativa que deu certo (e deu sossego pra gente) foi a pintura facial. Entre coelhinhos e borboletas, podíamos bebericar um refrigerante, ficar sentadinhas, curtir uma sombra. Por isso, dentre todas as coisas que eu poderia fazer pra Florzinha no aniversário dela, em disparada ganhou a opção de pintura facial. Assim eu posso ficar linda e loira na sombra entre tintinhas e comidinhas (afinal, a festa é minha e dessa vez eu como o que eu quiser!). Isso tudo inclui uma superação do trauma, afinal não vou receber nada, além da delícia de ver a Flor feliz com um rosto de borboleta.
Minha pequena... Minha magrela. Já são 3 anos... Como esse tempo corre pro que não precisa passar... O povo me pergunta: "Como você pode não querer filhos se você se desmancha com a Flor?" Eu me desmancho porque eu sou tia, só vivo o lado bom dela. O lado ruim eu tento ajudar, mas quem resolve no fim das contas é a mãe dela e essa resolução final é que eu não quero ter pra mim. Adoro roupinha de neném, adoro fazer coisas pra ela, adoro quando ela dorme comigo e contamos "sitórias" até cansar, mas querer alguém dependente de mim já é demais. Ser tia é tirar férias no paraíso enquanto a mãe padece...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Para Caio


O fato de eu ser atriz, viver de arte, gostar de música e leitura me obriga a confessar uma coisa. Há uns anos entrou um homem na minha vida que através das palavras consegue me entender e completar aquilo que eu não sei expor. Por isso eu preciso dizer: Caio Fernando Abreu, eu te amo!!! Não que eu ame o homem Caio Fernando. Não que eu o conheça pessoalmente e queira ter um caso com ele. É só uma questão de metonímia. No facebook existe um aplicativo chamado “Conselhos de Caio Fernando Abreu” e passei a utilizá-lo como uma oração diária. A de hoje foi:

“Você precisa de outros lugares, de outras pessoas e de bebidas mais fortes. Nem pensa, vai indo junto com as coisas.”
As vezes acontecem apenas frases tão bonitas que meu coração dá pulos:

"O que te dizer? Que te amo, que te esperarei um dia numa rodoviária, num aeroporto, que te acredito, que consegues mexer dentro-dentro de mim?"
E quando eu preciso entender o que estou sentindo e como dizer, é a ele que recorro:

"Eu preciso muito, muito de você. Eu quero muito, muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando. Você nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor. Você não precisa trazer nada, só você mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone. Basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio. Juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro. Mas eu preciso muito, muito de você."

E tem frases que são tão pertencentes a mim mesma que me assuto em me encontrar nas palavras alheias:

"Não sou pra todos. Gosto muito do meu mundinho. Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestade. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente. Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias." você é necessário...não esqueça...”

Quando as coisas não vão muito bem, é como se eu abrisse uma caixa de Pandora...

"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.”

“Já li tudo,cara, já tentei macrobiótica, psicanálise, drogas, acumpuntura, suicídio, ioga, dança, natação, cooper, astrologia, patins, marxismo, candomblé, boate gay, ecologia. Sobrou só esse nó no peito, agora faço o quê?”

Ultimamente, devido acontecimentos dessa vida louca, me encontro assim:

"Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar. Re-amar. Amar."

Mas lá no fundo, dentro de mim mesma, eu recorro a Caio Fernando Abreu buscando palavras dentro de mim. Palavras que possam me contar dos lados desse amor todo que eu tenho...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

CALOR!!!

VIVAS! Chegou o verão! Manhãs claras e bonitas, dias de sol, todos são mais felizes e saltitantes. Claro que essa é a minha visão do verão. Eu sim, fico mais feliz, mais disposta, com menos fome - o que é ótimo pra minha dieta - e posso pagar de fashion com meus gigantes óculos escuros. Isso tudo faz com que eu veja gente feliz e saltitante por onde eu passo, mas colocando uma lente de aumento nas pessoas, sei que não é bem assim...

Experimenta pegar ônibus 8:00 da manhã pra ir trabalhar. Primeiro que quem tem que acordar cedo no verão todos os dias pra trabalhar já não vê graça nenhuma nisso, a rotina é a mesma, só que dessa vez você tem a camisa molhada, o pé molhado e a cueca molhada de suor. ECA! Já dentro do ônibus tem aquele gordo com pizza debaixo do braço que insiste em usar camiseta no verão. No calor as pessoas fedem mais, se esparramam mais e por isso sentar em qualquer banco pode ser bem incômodo. Ninguém gosta de sentar no quentinho que o outro deixou no assento! Aquele calor todo e o povão suando, de repente você percebe que vento nenhum chega em você. Por quê? Por quê?? Porque tem uma tchuca sentada que fechou a janela pro vento não subir aquele cabelo de chapinha!! Daí calmamente você tira uma tesoura da bolsa pra cortar o mal pela raiz... mentira. Mas que você pensa isso, ah você pensa!

No caminho você percebe pessoas caminhando pelas praças, cachorrinhos passeando com os donos e você pede aos céus: MATA TODO MUNDO! Afinal, porque parece que só você tem que trabalhar nesse sol de rachar mamona? Porém, antes fosse só você, assim você esticaria suas pernas no ônibus e abriria todas as janelas, mas infelizmente existem muito mais pessoas pobres como você do que você imagina.

Bom mesmo no verão é ser rico, morar em Ipanema e nem saber o que significa trabalho. Eu queria mesmo era ser pobre por um dia porque ser pobre todo dia ninguém merece!

Minha vantagem é que eu não pego ônibus. Daí você se pergunta: "Então porque você fala tanto em ônibus? Como você conhece tão bem? Quer dizer que você é rica e nem contou?" Não minha gente, quem me dera. Mas é que eu já FUI da turma do busão, daqueles que dorme em pé no Nacional via Xangrilá voltando pra casa depois da escola. Mas antes de enlouquecer eu larguei isso tudo e... comprei uma moto! Sim, nenhum ar condicionado do mundo é melhor do que aquele ventinho de moto, mas experimenta parar num sinal vermelho no sol pra você ver! NO verão a moto me conforta de não ter que dividir espaço com mais ninguém, porém cada dia eu to com uma marquinha de sol diferente. E isso não é nada sexy! Além dos quilos infindáveis de protetor solar fator 50 no rosto e corpo - ou você acha que eu tenho esse bronze queijo minas a toa?

E assim eu vou levando meu verão. Sem dinheiro pra ir à praia, eu dou um pulinho no clube mesmo, naquela piscina mijada, com as tchucas descolorindo as pernas no sol e a farofada rolando na área de churrasco. E nem te ligo! To linda e loira enxergando pessoas saltitantes mundo à fora. Cada um vê a vida como bem entende, uai. Eu prefiro que a minha seja cor-de-rosa sempre!